Intervenção realizada em Heliópolis, maior favela de São Paulo, este projeto faz parte do Programa de Reurbanização de Favelas da Prefeitura do Município de São Paulo, através da Secretaria de Habitação. Nosso escritório colaborou com a Secretaria na elaboração deste projeto de interesse social em um sítio localizado na entrada da comunidade, em uma posição de conexão entre a cidade formal e a cidade informal.
Na confluência da Avenida Comandante Taylor e Avenida das Juntas Provisórias, em uma área de um antigo alojamento provisório, serão edificadas 420 unidades habitacionais de 50m2 cada, totalizando aproximadamente 31.000m2 de construção.
A habitação social está pensada neste caso como construção da quadra urbana, como construção da cidade, privilegiando os espaços públicos de interesse do morador, protegido portanto da rua, e a dotação de programa comercial e de serviços no nível térreo.
A relação espaço/cidade baseia-se no modelo da “quadra européia”, com implantação sem recuos e com pátio interno, que estabelece caráter articulador entre o tecido formal e informal da cidade, acessado através dos pórticos, criando fluída conexão potencializada pelo desenho paisagístico.
Os desníveis naturais da geografia do lugar permitiram a construção até 8 pavimentos sem o recurso a elevadores, com acessos em diversos níveis e em conformidade com a legislação de subida máxima.
Por este motivo o projeto demandou a construção de um conjunto de passarelas-pontes de conexão entre blocos que permitiram o aproveitamento máximo dos coeficientes de construção.
A demanda por um empreendimento de baixo custo conduziu a um sistema construtivo bastante conhecido e de fácil execução, a alvenaria de blocos de concreto. As soluções construtivas em geral visam a racionalidade e à repetição, sem prejuízo para a expressividade da arquitetura como um todo.
Apenas a construção dos pórticos de acesso representa um aspecto não repetitivo no projeto, o qual demandou estrutura mista, em concreto armado.
A própria configuração das unidades habitacionais produz uma volumetria de ritmo singular, que leva à interpretação do conjunto arquitetônico como uma série de edifícios independentes, o que é reforçado pelo uso da cor.
No projeto das unidades prevalece o cuidado com os layouts dos ambientes, garantindo flexibilidade de configurações, pois as futuras famílias que as ocuparão variam de 5 a 11 pessoas, demanda essa levantada pela equipe social da SEHAB. As habitações contam também com espaço para pequenos trabalhos, como costureiras, pequenos consertos, pois muitas das famílias fazem deste trabalho em casa fonte de renda complementar.
São 420 apartamentos que variam entre dois tipos, com 2 dormitórios, espaço integrado de cozinha, estar e sacada. Os conjuntos contam também com unidades adaptadas aos portadores de necessidades especiais, locados no pavimento térreo, com acesso direto pela rua.
O projeto de paisagismo prevê a integração dos dois conjuntos, através dos pórticos, com variação de pisos e vegetações, dotado de equipamentos de ginástica e recreativos, potencializando o espaço do pátio interno.
As áreas destinadas a lazer coberto ficam locados justamente nos pavimentos de chegada, que permitem o acesso aos conjuntos pela rua Comandante Taylor, além dos espaços cobertos dos pórticos, que receberam uma iluminação especial.