O terreno de implantação é definido pelo colégio ao pé do monte Manquehue, rodeado por um bosque de olmos, um reservatório de água em desuso e o canal de rega que percorre o colégio e os terrenos próximos.
Buscando a incorporação dos principais elementos do lugar, foi fragmentado o programa, evitando a sua concentração e se aponderando, assim, do lugar em sua extensão, situando o programa sobre o estanque, o declive, o bosque e ao longo do percurso do canal, dominando as vistas e incorporando a paisagem.
Para evitar a desnecessária transformação do contexto natural, foi proposto como intervenções no terreno somente uma leve inserção de arbusto e amoras, o corte de árvores em perigo de caída e a retirada da margem leste do reservatório, retomando a continuidade do monte e as vistas ao colégio, suas quadras e a cidade.
O projeto responde ao programa, com 2 volumes principais, que, em seu corte longitudinal, habitam as 3 instâncias do lugar (reservatório / declive / canal). Dessa forma, cada volume tem vistas em pé-direito duplo ao colégio e acesso, desde a praça situada na cota do reservatório. É no espaço intermediário entre volumes e praça onde se gera a praça coberta, incorporando as salas multiusos, exteriorizando-as, dando maior versatilidade ao programa e superfície. Ambos volumes unificam-se em seu nível mais baixo, de maneira a conectar os programas através de um corredor externo coberto que define o acesso de serviço aos depósitos, tendo a sua vez conexão ao nível superior, através de uma escada de degraus amplos de dormentes de trem em desuso.
A isto se soma uma plataforma de madeira paralela ao canal (barulho de água) que percorre o programa através de seus acessos, rematando no deck (bosque de olmos) e nos gabiões de pedra, que desde o bosque atrevessam o projeto, contendo o monte e as águas das chuvas até gerar uma arquibancada para o encontro massivo na praça principal.
Buscando a sintonia com o lugar, se definem materiais nobres, como a madeira e o concreto, tratados com tintas neutras para ressaltar as cores próprias da natureza.
O contraste entre a madeira negra exterior e a madeira branca interior ressalta os cortes das fachadas, que como analogia ao bosque em sua busca de luz, define na vertical os contrastes de luz e sombra.
A torre de guarda, situada no perímetro da praça principal, atua como referente visual nas distintas escalas de aproximação, reforça a segurança do colégio e cumpre com uma importante contribuição pragmática para as atividades escoteiras.