Menção Especial no Concurso EUROPAN 12: "Linha do Tempo"

  • Competição

    EUROPAN 12
  • Premio

    Menção Especial
  • Projeto

    Linha do Tempo
  • Localização

    Porto Brandão, Portugal
  • Autores

    André Costa, Guilherme Bivar, Marta Pavão e Rafael Costa
  • Colaboradore

    Martin Benavidez
  • Ano do projeto

    2013
  • Fotografias

    Cortesia de Equipe do projeto

Dos autores: Palco de diversas intervenções descontínuas, o Porto Brandão chega aos nossos dias esquecido pelo tempo, mas denso em singularidades que o tornam único no contexto das ocupações do estuário do Tejo.

Apesar de ser considerado um importante ponto de acesso a Lisboa, possuir características militares singulares e da importância que outrora teve no panorama da atividade pesqueira e naval, o Porto Brandão encontra-se hoje descaracterizado. É pautado por uma acessibilidade deficiente, pelas escassas opções de travessia do Tejo, pelo encerramento de indústrias e pela proliferação de terminais marítimos de empresas petrolíferas em toda a margem Sul do Tejo.

Imagem "Habitação" . Image Cortesia de Equipe do projeto

O patrimônio existente serve de ponto de partida para uma estratégia de recuperação do local, através da requalificação do patrimônio histórico, do reordenamento das lógicas de acesso e da recuperação de atividades que outrora foram o motor da economia local.

A reintegração da localidade no contexto do conselho de Almada efetiva-se pela geração de novas polaridades capazes de promover o desenvolvimento de toda a margem Sul, conectadas por uma nova rede de mobilidade e infra-estrutura, em acordo com as demandas do Pólo Universitário e população local. A proposta lida com a problemática do impacto das indústrias na paisagem, visando um processo de desindustrialização da frente ribeirinha Sul, em concordância com o potencial turístico e de lazer do território.

Imagem "Indústria" . Image Cortesia de Equipe do projeto

Uma “linha” capaz de devolver uma coesão perdida, de se tornar um eixo, o mote para a requalificação de toda uma região e que, por fim, na sua mais concisa definição se revela como a união entre dois pontos. Um “tempo” em que assimilamos os efeitos do tempo sequencial e cronológico sobre o território, em constante analogia entre o passado e o futuro.

Uma Linha do Tempo. Definam-se três estratégias:

Uma nova centralidade e frente ribeirinha

Imagem "Praça" . Image Cortesia de Equipe do projeto

A “frente” compreendida entre a Trafaria e Almada encontra-se descaracterizada e inacessível em diversos pontos. A proposta pretende, à escala regional, criar um percurso capaz de unir toda a frente ribeirinha da margem Sul - entre Almada e Trafaria - funcionando como elemento agregador dos vários “deltas” existentes.

Este percurso será qualificado pela instalação de infra-estruturas que introduzem novas lógicas de mobilidade horizontal e vertical e ainda por equipamentos de lazer e cultura, capazes de gerar polaridades (museus, cafés, piscinas naturais, centro desportivo e arena de espetáculos). Neste percurso, serão criados, para além do espaço público de carácter peatonal, uma ciclovia, com pontos de aluguer de bicicletas junto aos terminais de transporte público e edifícios âncora. 

Diagrama Marés. Image Cortesia de Equipe do projeto

Prevê-se a futura instalação de um sistema de transporte público eléctrico que complemente o transporte fluvial e viário e que consolide toda esta frente. Referente à mobilidade vertical, destacam-se os dois elevadores de acesso ao topo das colinas. A nova linha de costa apropria-se das remanescências dos pontões e plataformas de ocupação industrial e terá diferentes desenhos de acordo com o tempo das marés – são propostos três níveis de plataformas com correspondência aos níveis da maré alta, média e baixa. 

Na relação do Porto Brandão com esta nova frente, destacamos a intenção de devolver à localidade uma praça que foi perdida com a construção dos dois conjuntos de edifícios de habitação da década de 40. Propomos a criação de um espaço central de referência, tanto no contexto local, como global. A nova Praça do Porto Brandão será rematada nos topos pela recuperação de dois edifícios existentes: o edifício da antiga Escola e Sociedade dos Catraieiros, a Oeste, que será um novo Mercado e a antiga Fábrica de Conservas, a Este, que albergará estúdios coletivos.

Diagrama Praça. Image Cortesia de Equipe do projeto

No pé das encostas, duas galerias unirão os dois edifícios âncora da praça aos elementos de circulação vertical.  Junto ao elevador Oeste, destacamos um museu/centro de interpretação que servirá de base à exploração do potencial turístico da Torre Velha e acesso ao edifício do Lazareto, novo hotel de charme. O elevador Este, junto  ao terminal fluvial e pólo de reparação naval estabelecerá a ligação com o pólo Tecnológico.

Reconversão das Indústrias

Diagrama Indústria I. Image Cortesia de Equipe do projeto

Atualmente, os silos industriais encontram-se obsoletos no território. A proposta pretende dar um novo uso a estes silos, estabelecendo percursos que unificam os conjuntos fragmentados e aproveitam toda a base construída.  Na praia da Paulina- Delta Oeste- quatro silos serão reconvertidos em equipamentos públicos considerados fundamentais para o desenvolvimento da localidade- equipamentos desportivos, centro de exposições, estúdios de arte coletivos, arena musical e cênica e um restaurante.

Diagrama Indústria II. Image Cortesia de Equipe do projeto

Os demais silos serão demolidos, de acordo com a área de proteção da Torre Velha, classificada como Monumento Nacional. A frente ribeirinha será redesenhada para criar uma piscina, reaproximando os silos da água e criando uma praça cuja configuração varia de acordo com os tempos da maré. Todos os edifícios são acessíveis tanto a partir do nível térreo, como a partir do circuito superior da encosta, que conecta todos os pontos notáveis do alto das colinas - Lazareto, Torre Velha, mirantes e o pólo Tecnológico. 

O desejo de extensão da fronteira marítima portuguesa aponta para novas possibilidades de exploração científica e econômica. Propomos que o pólo Tecnológico a Este tenha o seu centro de pesquisa associado a este tema. Todos os silos recuperados serão unificados por uma passarela elevada sobre o solo e que conecta todos os programas a uma cota comum.

Habitação – urbanidade e ordenamento do território

DiagramaHabitação I. Image Cortesia de Equipe do projeto

Propomos duas áreas de intervenção estratégica para habitação- o bairro dos Formosinhos e a Fonte Santa. No bairro dos Formosinhos será proposto um conjunto habitacional com equipamentos, desenvolvido em platôs que respeitam os níveis da encosta e olham o rio. 

Destacam-se os eixos peatonais de articulação com bairro existente e a nova via de ligação à rua 1º de Maio, que constitui um novo eixo agregador do bairro. Na fonte Santa, a estratégia de habitação visa consolidar o topo da rua 1 º de Maio, a via estruturadora da proposta, e a transição para a Av. Timor Lorosae, um importante eixo de acessibilidade em expansão. 

DiagramaHabitação II. Image Cortesia de Equipe do projeto

A intervenção servirá tanto a estratégia de expansão da Universidade, com a criação de residências de estudantes, como a população local, capaz de fixar novos habitantes, incitando à criação de serviços de primeira necessidade.  Destaca-se a integração do conjunto com a envolvente, promovendo atividades agrícolas locais, para que nesta estratégia de expansão, não se perca o caráter rural do lugar.

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Cita: Romullo Baratto. "Menção Especial no Concurso EUROPAN 12: "Linha do Tempo"" 02 Fev 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-172823/mencao-especial-no-concurso-europan-12-linha-do-tempo> ISSN 0719-8906

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