Este projeto foi desenvolvido em parceria pelo escritório Dois Arquitetura com os arquitetos Paulo Waisberg e Clarissa Neves. Os Biomas Brasileiros são a linha narrativa deste projeto que aposta em nossa pluralidade e abre o campo para a exposição, não apenas do ponto de vista da indústria de alimentos, mas também de nossa paisagem natural, humana e cultural. Entendemos que o Brasil é um celeiro de soluções que extrapolam o suprimento de comida e podem constituir também alimento para os vários aspectos da vida – cultura, arte, engenhosidade, musica, culinária. Nossa escolha foi por elementos espontâneos da nossa cultura, que merecem ser mostrados pela sua riqueza humana e sofisticação.
Propomos uma área expositiva suspensa sobre um jardim tropical que conduz os visitantes para o pavilhão principal, localizado no ponto focal do terreno. O jardim propicia uma imersão na natureza brasileira, reforçando o conhecimento da riqueza biológica de nosso país. No teto das estruturas expositivas, conectadas por uma passarela, enxerga-se vídeos dos diversos biomas brasileiros, com imagens de espécies animais e vegetais, combinados à imagens de cidades com patrimônio histórico e paisagens notáveis.
As estruturas da área expositiva, sustentadas por colunas de madeira com ângulos variados, sugerem uma floresta com a exposição na copa das árvores.
O jardim é polvilhado de bancos suspensos e redes afixadas nos pilares de madeira e possui espelhos d'água e som ambiente simulando ruídos da floresta. Na lateral direita está localizada uma área comercial e uma lanchonete com mesas abertas para o exterior.
O Pavilhão principal tem a fachada de chapa metálica perfurada com um padrão de tecido Chita, encontrado nos vestidos das mulheres brasileiras do campo, mas reinterpretando por um processo industrial contemporâneo. Esta membrana permite a entrada de luz natural ao longo da rampa de acesso para os pavimentos superiores.
Ao se entrar no edifício pavilhão, depara-se com um lugar entrecortado de luz natural, com uma parede verde e a área de comércio. O acesso aos demais pavimentos se dá, principalmente, pela rampa localizada entre a fachada e uma parede verde. Numa lateral do prédio também estão localizados os elevadores e escadas.
A área comercial foi concebida como uma estrutura/mobiliário de madeira, que possui a dupla função de local de permanência, com arquibancadas baixas e locais de exposição de produtos.
A rampa conduz ao segundo pavimento, diretamente para o restaurante que se abre para um terraço com anfiteatro. Esta área está configurada para receber shows de música ao vivo e apresentações de vídeo, projetadas em uma das paredes da área expositiva. Neste nível também está localizado o setor administrativo, com acesso através do hall de elevadores.
Continuando pela rampa, chega-se ao nível de exposição, com sua passarela de madeira, que integra os seis espaços expositivos, propiciando um espaço lúdico com vistas para o jardim.
No segundo pavimento, está localizada a sala multiuso, que pode ser configurada para eventos ou auditório para 255 pessoas. A circulação vertical continua e dá acesso também ao terraço que é uma praça com cobertura verde, espelho d'água e vista panorâmica.
O pavilhão é concebido em módulos de 3,0 metros para ser construído em estrutura metálica, com divisórias de drywall e revestimento em painéis metálicos ou cimentícios. Pretende-se uma construção racional, sem desperdícios. A área expositiva obedece à mesma modulação e deverá ser construída com madeira de reflorestamento.
Memorial Descritivo Expografia
A área expositiva é composta pelo jardim e seis espaços que correspondem aos biomas brasileiros, explorando a diversidade de um país de dimensões continentais, tanto na variedade natural como na paisagem humana e cultural. Tal diversidade implica em um repertório vasto de soluções tecnológicas e produtos originais.
O exuberante jardim com espécies brasileiras e espelhos d'água é o caminho de chegada ao pavilhão brasileiro. Nossa natureza é a porta de boas vindas. Ao longo deste percurso aberto, entrecortado pelas colunas de madeira, encontramos redes e bancos suspensos. Os visitantes podem escolher entre deitar e descansar um pouco ou chegar ao edifício principal. Ao olhar para cima, afixados na estrutura, telões com vídeos da indústria e da paisagem brasileira. O movimento das redes é traduzido através de sensores para desencadear interação com o conteúdo. O áudio é sempre direcionado, produzindo os murmúrios da floresta. No período quente, uma névoa refrescante e aromática envolve nossos visitantes.
Os espaços suspensos, conectados por passarelas, lembram palafitas – construções comuns em alguns locais do Brasil – mas também remetem às copas das árvores ou casas suspensas nas árvores. Tudo isto é reforçado pela linguagem arquitetônica mais fragmentada composta por painéis de madeira em planos diferentes. Queremos instigar a imaginação do visitante, que se vê como um explorador na copa das arvores.
1. Bioma Amazônico
O Bioma Amazônico é cortado por passarelas dentro de uma floresta cenográfica composta de espécimes reais combinados com impressões no piso e teto. No meio das plantas, fibras óticas mudam de cor produzindo um pulsar, sincronizado com ruídos de pássaros. O ambiente é quente e úmido. No teto, as imagens das copas das árvores aparecem projetadas. Numa das paredes, encontra-se uma prateleira com vidros de essências brasileiras e parte do conteúdo está dependurado em mangueiras de látex. Ao visitante, conta-se da riqueza da floresta, do povo ribeirinho, dos índios e das plantas medicinais.
2. Bioma do Pantanal
O Bioma do Pantanal está em constante movimento, através de projeções que sobem e descem simulando um nível da água que alaga o ambiente. No centro, encontramos aquários com boias com conteúdo de informação. A água do aquário acompanha o nível da projeção, criando um horizonte artificial. No teto objetos suspensos que ora são pássaros, ora são peixes.
3. Bioma do Cerrado
Ao atravessar o Bioma do Cerrado, somos recebidos por uma chuva de arroz que cai do teto e escorre através do piso de grelha metálica simbolizando a riqueza e a sorte. Nas laterais, pilhas de grãos contêm placas com informações, principalmente dados estatísticos. Nas paredes, imagem de rostos são formadas a partir de grãos empilhados em um sanduíche de vidro.
4. Bioma dos Pampas
O Bioma dos Pampas é todo revestido de grama sintética e couro de vaca. Alguns planos são feitos de espelho para ampliar o espaço. Atravessamos o espaço polvilhado de telas com projeções de gado, como se estivéssemos andando no meio de um rebanho. Nas projeções, se o visitante interagir com as imagens, surgem informações sobre o bioma e a indústria dos Pampas.
5. Bioma do Semiárido
O Bioma do Semiárido é totalmente revestido de terra seca e trincada. No chão, inúmeras flores de barro artesanais. Uma parede de espinhos gigantes e flexíveis e de árvores feitas com esteiras de palha circunda todo o espaço. Ao longo do caminho, projetadas nas árvores, imagens das frutas e vinhos produzidas à partir da engenhosidade de irrigação brasileira.
6. Bioma da Mata Atlântica
No Bioma da Mata Atlântica escolhemos enfatizar a produção frutífera brasileira. O ambiente é composto de cachos de banana com vídeos projetados no piso. As projeções são esteiras de indústria transportando frutas. O piso é revestido de fibra e pastilha de coco. As paredes são de caixas de feira com monitores. Ao abrir uma delas, assiste-se um conteúdo sobre a produção de frutas brasileiras.