- Ano: 2013
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Fotografias:João Soares
Descrição enviada pela equipe de projeto. O hotel e habitação da Quinta do Lobo Branco, concluído em 2013 e recentemente aberto ao público, constitui-se por uma série de edifícios intimamente relacionados com o rico contexto natural. A arquitetura é uma realização das pretensões holísticas do cliente. Os objetos arquitetônicos, profundamente integrados à envolvente, pretendem proporcionar atividades, momentos e experiências espirituais de calma, intimidade, meditação e retiro.
ABORDAGEM HOLÍSTICA
Holístico | adj. “…Enfatizando a importância do todo e da interdependência de suas partes." "...Relacionado ou preocupado com sistemas completos e não com partes individuais."Desde o primeiro momento que se sentiu que a abordagem ao projeto teria de ser especial. O desafio de criar um lugar que elogia natureza, um lugar especial dedicado ao corpo e espírito, de acordo com as formas alternativas de vida, e até mesmo de percepção da própria vida, dos clientes. Um lugar onde o visitante é envolvido no espírito o pensamento positivo que abraça valores humanistas, longe dos paradigmas de estresse da vida contemporânea. Um lugar onde se pode sentir o tempo a passar lentamente, a sentir a caricia do sussurro do vento e passar longos dias a ouvir os pássaros que cantam nas árvores e a água que corre no riacho que atravessa o terreno. Devido ao lema heterodoxo do projeto, o espírito e as expectativas dos clientes foram uma inspiração e, ao mesmo tempo, um desafio profundo. Um desafio não apenas relacionado com a ação arquitetônica, mas também um desafio enquanto indivíduos, forçando-nos a questionar a nossa prática e nossa postura perante a vida. Esta era a única forma possível - e que forma privilegiada é - de atender as expectativas e modus vivendi do cliente. O resultado é um lugar para se viver ou visitar em paz (algo raro nos dias de hoje), com o seu próprio corpo e com a natureza.
CONCEITO E ESTRATÉGIA
Em vez de optar por uma única construção que albergasse a totalidade do programa, a estratégia adoptada teve como objetivo difundir o programa em edifícios separados ao longo do terreno, adaptando-se à morfologia e às condições naturais existentes, respeitando e enaltecendo os seus valores, proporcionando assim uma experiência mais rica, feita de momentos e sensações distintas. A linguagem plástica baseia-se em formas geometricamente claras e diretas, com o objetivo de estabelecer uma relação pacifica entre a construção e o local, bem como entre os utilizadores e a arquitetura. Os edifícios pretenderam-se neutros na paisagem, num gesto que evita a imposição da arquitetura, mas, ao mesmo tempo, num processo de unificação e simbiose com o local, que aumenta a relação de proximidade entre a matéria construída e a matéria natural, como também entre o Homem e Natureza . Os edifícios proporcionam dois ambientes interiores distintos, relacionados com os períodos de uso, noturno e diurno. Os andares mais baixos, dedicados de uso comum e durante o dia, são totalmente permeáveis à luz, promovendo espaços claros, luminosos, numa ambiente desperto. Os pisos superiores, dos quartos, oferecem um espaço mais privado e intimista, com iluminação natural controlada por aberturas zenitais por cima das camas que proporcionam um sono coberto pelo céu e pelas estrelas.