![](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232369_1325728473_photofessy04.jpg)
A casa DI-VA, cuja denominação é um anagrama com o nome dos proprietários, ocupa um espaço anteriormente vazio no distrito residencial Croix-Rousse de Lyon.
Dado o limite de largura da fachada e o fato de que há um edifício diretamente do lado oposto, os arquitetos decidiram adotar uma estratégia que chamam de “judo-type”. A casa afasta-se de um confronto direto e explora as fendas na paisagem a fim de favorecer as vistas e os ambientes.
Inteiramente pré-fabricada, a casa foi construída em menos de uma semana. Sua aparição repentina causou a surpresa de vizinhos que tiveram reações distintas. Mas apesar da cor e da forma descompromissadas, a construção não expressa nenhuma agressividade. Pelo contrário, ocupa seu espaço harmoniosamente em relação ao entorno com tranquilidade e um considerável grau de discrição.
Um espaço desafiador
DI-VA ocupa um terreno de 200m² que havia sido abandonado há alguns anos. Ao sul há uma densa e homogênea área que foi construída no século XIX e ao norte há um grupo de edifícios, diversos em alturas e tamanhos, que expressam um espírito mais “moderno”. A rua (Rue Henri Gorjus) é caracteristicamente diferente das demais, mas possui dois estilos basicamente, sendo que a DI-VA marca a separação entre eles. Do lado oeste, os edifícios são alinhados e tradicionais; no lado norte, justapondo a DI-VA, há uma casa isolada dos anos 1970, afastada da rua e cercada por árvores, marcando o começo de um trecho que é mais aberto e menos construído.
Apesar de suas dimensões reduzidas, DI-VA faz o papel de mediadora entre dois períodos e duas visões de urbanismo. Está de certa forma vinculada a um edifício que termina com a sequência clássica de construções alinhadas com empenas cegas, enquanto a fachada principal, do outro lado, abre-se para a parte contrastante da rua. Esta assimetria é acentuada pelo tratamento sutil da entrada principal. Há um espaço entre a porta de aço e o corpo principal da casa, separando domínios público e privado, o que aumenta o efeito criado por esse edifício descentrado.
Ajustando-se
DI-VA é um volume simples, com quatro idênticos pavimentos de 60m² cada. A empena sul está anexada à residência vizinha. A fachada voltada para a rua quase não possui aberturas; é silenciosa e abstrata, ainda que possua uma faixa de vidro vertical por trás de um brise de madeira que permite a entrada de luz na caixa de escada e sugere uma vida interna sem realmente divulgá-la. Há também aberturas horizontais que trazem luz e ventilação para o pavimento térreo, mas que são invisíveis do exterior.
A fachada norte é a mais exposta, sendo perceptível da rua. Os espaços de uso comum possuem dois pilares verticais criando janelas panorâmicas que aumentam a visibilidade, incluindo a visão dos cedros da vizinhança.
A fachada oeste, que não pode ser vista da rua, abre-se para o jardim, o qual é delimitado por um plano esteticamente coordenado. É visto dos dormitórios e de outros espaços privados. A fachada oeste, em suma, coloca-se em contraste com a fachada leste. A primeira é transparente, a outra é opaca.
Deliberação lenta, construção rápida
Campeões em pré-fabricação e construção seca, os arquitetos propuseram que se usasse madeira por toda a casa. Além das vantagens ecológicas, isso significava que o processo de construção seria rápido e bem adaptado ao contexto restrito da operação. Os painéis de madeira laminada foram utilizados para paredes, divisórias e pisos. É um material cujas propriedades são semelhantes às do concreto armado, exceto que sua construção é puramente mecânica, de modo “seco”. Os diferentes elementos foram produzidos por uma firma austríaca, Binderholz, na forma de macro-componentes, em pinho, que é de cor clara e homogênea, com uma grana discreta e poucos nós. Os macro-componentes foram entregues prontos para a montagem pela empresa Arbosphère, que é especialista nesta técnica. É importante destacar que o processo de montagem leva apenas cinco dias, ou seja, muito menos do que a fase de projeto.
A fim de minimizar o consumo energético, ainda melhorando o conforto, o projeto inclui isolamento externo para paredes e cobertura, usando painéis Trespa Météon de 160mm. A estrutura externa foi feita em lariço e os pisos em cinzas. Em suma, todos os componentes são feitos de madeira ou materiais vindos da madeira.
Habitat
A casa é proposta para um casal com três filhos, mas que poderia ser adaptada para outras possibilidades. Os espaços de convívios são deliberadamente simples e compactos, organizados ao redor de um núcleo central que concentra as redes de serviço e áreas molhadas (banheiros, lavatórios, cozinha). A sala de estar e a cozinha são no nível térreo que se abrem para o jardim através de um terraço. A sala comum é no primeiro pavimento. O segundo pavimento é voltado para o casal, com dormitório, escritório e banheiro. No terceiro pavimento há três dormitórios para os filhos e um banheiro. Há ainda um terraço solar.
A compartimentação da casa em termos de diferentes níveis é contrabalanceada pela permeabilidade da caixa de escada, cujos tirantes delicados fazem os pisos parecem flutuar no ar sem interromper a continuidade vertical entre os quatro pavimentos ou mesmo a transparência horizontal entre a rua e o jardim. Além disso, o fechamento de vidro do fogão a lenha no primeiro pavimento, instalado sem nenhuma estrutura ou suporte, enfatiza ainda mais essa continuidade.
DI-VA incorpora diferentes sistemas bioclimáticos. Há a ventilação natural que faz o uso das três fachadas possíveis da edificação. O alto grau de isolação e sistemática proteção solar garante o conforto térmico, notável no verão. Há ainda um aquecedor que usa a troca de calor com o solo, apoiado pelo forno a lenha.
Escura por fora, clara por dentro
A parte externa da casa é escura, porém a interna é clara. Seu revestimento liso e tensionado cobre um interior suave e natural. Essa é uma formulação arquitetônica arquetípica: por fora protetora, por dentro acolhedora.
O estilo é consistente. Todo o interior, incluindo tetos e partições, é composto por painéis de madeira de pinho laminada. Não há pintura nem verniz. Por fora, painéis pretos com aparência de resina sintética reveste todo o volume, enquanto preserva a leveza, como uma capa. Esse contraste é explicado pela escolha construtiva de uma estrutura interna, vestida e isolada do exterior. É o resultado de uma aspiração estética, onde yin e yang criam efeitos gráficos em uma articulação entre dois mundos. Quando a luz do dia está mais fraca, o exterior se mistura com a escuridão e estimula a tonalidade clara da madeira que se emana do interior. Um enriquece o outro, suavizando e contrastando. Assim, o uso de um único material, sem efeitos decorativos ou excessos, dá lugar de destaque para a arquitetura como tal.
![Black Box / Tectoniques (1) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232369_1325728473_photofessy04-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (2) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232371_1325728710_photofessy08-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (3) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232366_1325728361_mainimage_photofessy07-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (4) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232367_1325728409_photofessy01-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (5) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232367_1325728433_photofessy02-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (6) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232373_1325728832_photofessy11-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (7) © Tectoniques](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232377_1325728921_phototecto1-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (8) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232368_1325728449_photofessy03-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (9) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232370_1325728554_photofessy05-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (10) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232376_1325728894_photofessy13-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (11) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232371_1325728646_photofessy06-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (12) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232372_1325728754_photofessy09-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (13) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232373_1325728794_photofessy10-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (14) © Georges Fessy](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232375_1325728868_photofessy12-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (15) © Tectoniques](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232377_1325728940_phototecto2-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (16) © Tectoniques](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232378_1325728963_phototecto3-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (17) Planta de situação](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232365_1325729224_site_plan-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (18) Planta de implantação](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232381_1325729151_plot_plan-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (19) Planta térreo](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232381_1325729126_ground_floor_plan-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (20) Planta pavimentos 2 e 3](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232379_1325729022_2nd_and_3rd_floor_plans-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (21) Planta pavimentos 4 e 5](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232379_1325729046_4th_and_5th_floor_plans-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (22) Corte](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232382_1325729192_section-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (23) Fachada 1](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232379_1325729071_elevation_01-125x125.jpg)
![Black Box / Tectoniques (24) Fachada 2](https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1326232380_1325729104_elevation_02-125x125.jpg)