A qualidade inexata
Casa em dois níveis, de tamanho médio, construída sobre um morro em um terreno trapezoidal em um subúrbio do distrito de Hyōgo, olhando sobre a baía de Osaka. Estrutura em madeira, paredes caiadas de branco e telhado inclinado. Dormitórios no pavimento térreo –três quartos com banheiro e hall (genkan)– e área de estar no primeiro pavimento –banheiro, cozinha, pátio, sala de jantar, sala de estar e quarto japonês (washitsu).
Formalmente, em planta, os dois lados mais longos e não paralelos do terreno definem dois sistemas de ângulos retos que vão encontrar a conexão formal com o terceiro lado, na estrada, definindo, em elevação, uma forma incisiva e facetada. Seus planos diversos mudam a intensidade de luz conforme a incidência do sol. Internamente, no primeiro nível, uma grande sala de estar em forma poligonal com sete lados possui a qualidade inexata de certas praças medievais italianas, em cujos lados das aberturas –janelas, portas– descrevem múltiplas direções de aspectos e passeio.
A irregularidade da geometria, portanto, cristaliza na forma uma disposição para o diálogo entre as partes que compõem o todo. Finalmente, na parte posterior, o espaço estreito criado entre a cozinha e o quarto japonês (washitsu) acolhem um pequeno pátio, cujos lados com janelas reúnem os raios solares da tarde sobre o piso em tatame do quarto japonês e reverberam o azul para dentro da cozinha. Esses dois cômodos se conectam com a sala através de duas portas mais baixas cortadas no plano branco de um muro alto. Como quase grutas racionalizadas, esses quartos feitos de luz independente se envolvem com a grande sala poligonal: escura e azul na manhã, clara e quente à tarde.