Comportamento das árvores
Pessoas que usam edifícios vivem em uma localização que é fisicamente próxima à natureza. Isso pode servir como ponto de partida para transcender a dicotomia entre coisas feitas pelo homem e natureza e ainda ajudar a nutrir uma rica relação entre pessoas e natureza. Portanto, como arquitetos, observamos as árvores com um nível de detalhes sem precedentes. Nossos projetos são adaptados ao comportamento singular das árvores e como galhos, folhas e raízes crescem.
Essa aproximação assemelha-se a como jardineiros/paisagistas realizam seus trabalhos. Há diversos arquitetos que assumem que o terreno está vazio e geralmente desenvolvem o projeto em um estúdio longe do local. Contudo, nós, cuidadosa e proximamente observamos as condições ambientais da área e fazemos tudo que podemos para formular um desenho que corresponda e que complemente o local.
Com uma resposta localizada para as árvores
Este é um complexo residencial situado em uma localização privilegiada em Tóquio. Ao fundo do terreno há um bosque de 40 metros de largura que está crescendo em uma encosta. Decidimos formular um desenho que proporcionasse um máximo volume enquanto desmatasse o mínimo possível de árvores.
Primeiro, investigamos a localização das raízes com a ajuda de um arborista e locamos as paredes estruturais o mais próximas possível das árvores onde as raízes mais grossas não tivessem que ser cortadas. Serpenteamos as vigas baldrame para evitar o contato com as grandes raízes. Em seguida, medimos todos os ramos com 15cm ou mais de diâmetro através de um único método que desenvolvemos e criamos uma imagem tridimensional dessas informações.
Então, simulamos o crescimento das árvores e o balanço dos ramos durantes tufões para determinar espaços onde não haveria galhos e assim poder locar os cômodos nesses vazios. Isso teve como resultado quartos com formas externas irregulares, mas foi um resultado de aceitação do ambiente natural como ele é. Criando um edifício que responde de forma localizada às árvores ao invés de cortar ou aparar as árvores é similar a como os pássaros constroem seus ninhos. Isso deve trazer uma nova consciência e crítica de arquitetura, a qual ainda comete o pecado original de destruir o meio ambiente.
Ressonância de comportamentos
O interior do edifício consiste em espaços amplos como um único ambiente que combina sala de estar/jantar e cozinhas com a ênfase das paredes de concreto e espaços reduzidos como banheiros e espaços de estudo construídos com uma estrutura em aço que avança em direção às árvores. Todos os ambientes estão localizados próximos às árvores, permitindo que o verde da folhagem seja refletida e ampliada por bacias e espelhos, fazendo que ela seja vista virtualmente de todos os lugares internos do edifício.
Mesas, prateleiras, banheiras e lavatórios são posicionados próximos às janelas para criar espaços onde as pessoas possam ter a sensação de estarem vivendo junto com as árvores. Através disso, abre-se a oportunidade para olhar esquilos nas árvores e folhas, sentir a fragrância das flores e ouvir o cantar de pequenos pássaros. Quando as pessoas vivem em um espaço interior que é criado a partir do comportamento das árvores e outros elementos da natureza, o comportamento das pessoas tende a desenvolver. As respectivas ações e atividades ressoam umas com as outras, as pessoas gradualmente se integram com a natureza e tornam-se parte dela. Acredita-se que um amor pela natureza é criado como resultado dessa interação que acontece repetidamente.