A figura do brise-soleil – elemento tradicional da arquitetura tropical – é o centro deste projeto arquitetônico.
Situado em antigo bairro de São Paulo – que passa atualmente por radical mutação – e em uma avenida de tráfego intenso, o prédio, orientado à face norte, surge como encarnação potente e orgânica das “agressões” urbanas e naturais de uma cidade subtropical, como o barulho e a insolação, e toma partido ao se alimentar delas.
O ruído sonoro provocado pelo tráfego da rua é uma potente sinfonia átona à la “helicopter – quartet” de Stockhausen, o que influi diretamente na fachada do prédio. Nela, uma membrana de brise-soleil, orgânica e fluida, se deforma sob o efeito das ondas sonoras e cria internamente filtros de efeitos luminosos e de temperaturas diversas.
Uma serigrafia opaca sobre a parede interna de vidro age como segundo filtro, que ameniza as diferenças entre exterior e interior por meio de um jogo de formas que reproduz o exato negativo da deformação do brise-soleil.
Uma moldura de concreto “plugada” à fachada-membrana faz a ligação física entre os meios externo e interno.
A fachada do fundo se abre para uma praia tropical. Nessa fachada, vidros duplos foscos se alternam com vidros simples translúcidos num instigante jogo visual – como uma partição musical binária – complementado por neóns colocadas aleatóriamente dentro dos vidros foscos.
Os três andares são estruturados por um elemento vertical forte – uma escada em concreto. Sua geometria em planos dobrados liga e forma os espaços desde o estacionamento até o solarium – um deck infinito que se abre para a copa das árvores e faz a conexão visual com o entorno.