Os edifícios foram projetados como primeiros protótipos a fim de explorar três diferentes condições ao mesmo tempo.
1- Uma única massa como fachada (performance)
Os protótipos 1 e 2 (Costanera Lyon 1 e 2) foram desenvolvidos contrários à característica tipologia de edifícios de cortina de vidro. Logo, aplica-se uma estrutura como uma massa única de desenho simples, que permite que o edifício se aqueça ou se resfrie sem a necessidade de adicionar uma segunda pele ou sem o consumo muita energia.
2- Processo projetual como fachada (evidência)
O processo projetual do protótipo 1 (Costanera Lyon 1) foi interrompido por um pedido especial dos clientes. Eles queriam que o escritório da cobertura tivesse no topo uma área com piscina que apresentasse uma excelente vista. Este novo programa demandou mais metros quadrados de área.
A fim de criar esse novo espaço, uma parte foi extraída do canto mais visto do edifício e movida para cima da cobertura. O desaparecimento desta quina na fachada tornou-se um registro do processo projetual.
Já o protótipo 2 (Costanera Lyon 2) foi forçado a usar lajes em balanço para maximizar toda a área disponível do terreno. As lajes propostas não funcionavam sob forças sísmicas e gravitacionais. Portanto, a solução foi inserir uma série de paredes perimetrais que promovesse a rigidez contra a torsão dessa estrutura. Para que se pudesse abrir visuais de dentro do edifício, essas paredes foram transformadas em uma série de vigas Vierendeel que distribuem as solicitações de carga pela fachada. O edifício foi repensado e desenhado como um ensaio de elementos pré-fabricados: 21 vigas Vierendeel, 16 lajes, 1 núcleo e 14 pilares como tesouras.
Devido a condição sísmica do Chile, foi altamente recomendado construir o protótipo 2 como uma única peça. A fachada tornou-se então um paradoxo de duas ideias opostas, em forma de concreto armado que trabalha como um castelo de cartas; se um dos elementos é removido, todo o edifício entra em colapso.
3- Lógica estrutural como fachada (tectônico)
No protótipo 1 (Costanera Lyon 1), a maioria dos pilares foram liberados do interior do edifício para maior flexibilidade dos usuários e para a otimização da estrutura como uma massa termal na fachada. Após a retirada de parte do canto do edifício, o envelope tornou-se uma estrutura composta, compreendendo um núcleo rígido de paredes de concreto armado envolvido por uma estrutura contraventada que se posiciona à frente da situação da quina. O caminho das cargas verticais e sísmicas que descarregam sobre a fundação é facilmente legível.
No protótipo 2 (Costanera Lyon 2) todos os pilares estão externos aos escritórios. A estrutura foi projetada a partir da inserção de vigas Vierendeel na fachada que suporta as forças verticais e sísmicas em uma geometria não-deformável. Esse sistema otimiza o trabalho da massa e provê rigidez à torsão em um perfeito equilíbrio de cheios e vazios, criando espaços internos confortáveis.
Ambas as estruturas expostas transformaram-se em fachadas facilmente compreendidas do exterior e funcionam como excelente massa termal.
Informação Complementar:
- Certificação LEED (Prata): Energy ARQ
- Iluminação: Oriana Ponzini
- Estrutura: Eduardo Spoerer
- Cliente: Inmobiliaria Almahue S.A.
- Ano: Costanera Lyon 1, 2009-2011 (Concluído), Costanera Lyon 2, 2011-2013 (Em construção)
- Fotografias: Nico Saieh, Guy Wenborne, Ana Maria Pincheira