Esta casa, protótipo para a preservação da natureza na ocupação de terreno difíceis, foi construída na encosta de uma pequena serra (S. do Guararú), junto ao mar, a 80 metros de altitude e 150 metros distante da praia.
O terreno, coberto pela floresta nativa, a Mata Atlântica, teve, além das árvores, sua cobertura vegetal e solo preservado. Em continuidade a 3 tubulões, 3 pilares de concreto apóiam a casa que, graças à sua forma hexagonal, encaixa-se entre as principais árvores existentes.
A geometria adotada, com modulação triangular, é muito eficiente por tornar a estrutura naturalmente auto-travada, permitindo a criação de espaços articulados ou contínuos, uma sucessão de bay-windows, e grande integração interior-exterior.
O terraço de cobertura, na altura da copa das árvores, projeta-se num balanço com 2,3 m para proteger a casa das chuvas de vento, freqüentes. É uma área de estar ao ar livre, com vista para o oceano de um lado e para o alto da serra de outro.
O andar principal, espaço contínuo com sala, cozinha e 3 terraços em balanço, liga-se à estrada por meio de uma ponte com apoio central, ancorada na laje de concreto armado do estacionamento, nas solta da casa. No andar intermediário, três suítes e um terraço com vista para o mar organizam-se em torno do espaço central com a escada. Finalmente, pendurado entre os três apoios, o andar com a área de serviço dá saída para ao terreno por outra ponte, agora menor e bem mais simples. Uma escada em caracol, com degraus de madeira suspensos por tirantes de aço, interliga os 4 pisos da casa.
A estrutura foi montada com pilares e vigas de madeira, conexões e tirantes de aço, tudo produzido numa fabrica, em Vargem Grande Paulista.
Os pisos são, basicamente de madeira: primeiro, sobre as vigas, fôrro “macho-fêmea” de Mogno; em seguida barrotes de Játoba com os intervalos, onde passam “conduits” elétricos, preenchidos por argamassa leve com vemiculita; e finalmente, fixado nos barrotes, assoalho de Sapucaia. Para evitar a difícil manutenção dos grandes beirais, a cobertura foi feita com placas de concreto leve, pré-moldadas também na mesma fábrica.
As paredes divisórias e os peitoris são painéis industrializados de madeira compensada.
Este conjunto, composto quase que só por peças leves e de pequenas dimensões, permitiu a montagem da casa sem o auxílio de equipamento pesados, por 4 operários, em 4 meses, com impacto ambiental mínimo.
A janela típica utilizada em todos os ambientes, é muito simples e econômica. Os vidros são comuns, com 5 mm de espessura e não tem caixilhos. O vidro central, fixo, de 1,25 x 1,25 m, é instalado diretamente nos montantes. Dois vidros laterais, lapidados, deslizam em sulcos cavados nos peitoris de madeira. Externamente, quadros com telas de correr impedem a entrada de insetos.
Seis condutores externos conduzem a chuva que cai na cobertura, fazendo com que a água volte a infiltrar-se no terreno, através de poços co 1,5 m de profundidade, cheios de pedra, garantindo a sua umidade natural.
Texto: Marcos Acayaba