O Projeto previa a reconversão de uma infraestrutura fabril desativada, de particular relevância social e económica no tecido urbano da cidade de Tomar, no entanto sem história nenhuma do ponto de vista arquitetônico. Situado na entrada do centro histórico o edifício foi sujeito ao longo dos tempos a sucessivas aderências e alterações, encontrando-se ameaçado por alguma decadência e desajustado à utilização pretendida. Originalmente concebido como casa de armazenamento e contagem de produtos agrícolas sob forma de pagamento de rendas às ordens religiosas, foi Posteriormente adaptado a edifício de escritórios, sobrevivendo aos tempos e readquirindo no âmbito do programa polis um novo papel na cidade: o de Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental.
O programa preliminar constituía-se por duas partes distintas, uma de carácter público composta por um espaço expositivo lúdico-pedagógico e outra de carácter mais reservado composta por salas de formação e por uma área destinada a receber artistas convidados pela autarquia – as residências artísticas.
No confronto com os regulamentos, a proposta mantém a sequência formal e material anterior aproveitando a construção existente na totalidade do seu perímetro exterior (classificado), sendo o interior inteiramente despojado de todo o seu “miolo”. Assim e perante a condição programática a nova construção estabelece-se como a estrutura anatómica da pré-existência. Os espaços que necessitavam de recolhimento são definidos volumetricamente surgindo claramente reconhecíveis e optimizados na sua habitabilidade, cada um com a sua atmosfera, identidade, forma, dimensão e uso. As restantes atividades inserem-se no vazio espacial do edifício existente e são caracterizadas através dos acontecimentos programáticos definidos pelos espaços encerrados.
A passagem do projeto para o concreto foi levantando questões, a proposta foi sendo afinada e apontando novos caminhos, uns mais claros outros mais tortuosos. O existente ganha uma nova leitura pelo interior, é reconfigurado e transformado num espaço hermético e unitário. Para o organismo que o contamina foi-se descobrindo e construindo uma materialidade que se pretendia também abstrata e simultaneamente expressiva, afastando-se para isso dos processos rotineiros de estandardização.