O projeto foi premiado no Concurso de Estudantes | 9ª Bienal Internacional de Arquitetura 2011 – Categoria: Destaque – Águas Sepultadas.
EM BUSCA DA LEMBRANÇA
Para resgatar sua memória, as ÁGUAS são usadas como diretriz na conformação de espaços que visam propiciar uma vivência de aproximação com o eu e o outro, ampliando as PERCEPÇÕES DE COLETIVIDADE associadas ao espaço urbano e a memória.
Ainda como uma forma de apelo a LEMBRANÇA DO MAR promovem-se situações de uso da água como distorção da imagem dos carros e edificações que estão entre a praça e o mar por meio de panos horizontais, além dos acessos a níveis mais elevados para possibilitar a VISUAL DO MAR.
São usados, portanto, elementos materiais e imateriais que participam do processo de CONSTRUÇÃO DA CIDADE E DA CIDADANIA.
MAR PARA O PORTO MAR PARA O LIXO
NO MEIO DO CAMINHO. Entre a rota marítima do Rio de Janeiro e do Rio da Prata se configurava a Antiga Florianópolis, ponto estratégico de parada, fazendo do porto a centralidade da VIDA E DA DINÂMICA URBANA. Apesar da importância vital, assim como em outras cidades litorâneas, o mar era tido como o destino final para despejo de dejetos. Fazendo com que o mesmo fosse associado a atividades urbanas negativas.
Comprovando tal descaso as primeiras medidas adotadas para a modernização da capital catarinense, abrangiam medidas sanitaristas que canalizaram rios, entre eles o antigo Rio da Bulha, hoje a Av. Hercílio Luz, que ocasionou a gentrificação que deu início ao processo de ocupação do Morro da Cruz. Outra medida posterior foi o ATERRO DO MAR, SEPULTANDO as águas e as relações desta com a dinâmica urbana para dar lugar ao uso do automóvel, estimulado pela construção das pontes de ligação metropolitana.
SUBMERSO NA MEMÓRIA
NO MEIO DO CAMINHO, com uma localização estratégica rodeado por diversos marcos históricos da cidade, como a Igreja Matriz, a Praça XV de Novembro, o Mercado Público e o Forte Santa Bárbara, o terreno está de fato em área de SEPULTAMENTO DAS ÁGUAS. Inicialmente projetado para ser um parque com desenho de Burle Marx, Atualmente abriga o terminal de ônibus interurbano. Com a posterior implantação de um novo terminal interurbano o SEPULTAMENTO DA VIDA URBANA neste, resulta em um espaço abandonado carente de um uso que não apenas resgate a dinâmica do encontro e da interação, mas também o resgate da memória.
COSTURA COM A DINÂMICA EXISTENTE
Como forma de proporcionar CIDADANIA ao espaço criado, é proposto com a locação do camelódromo, que o terreno funcione como extensão de outras ÁREAS DO CENTRO da cidade onde as atividades de comércio e serviço são amplamente incorporadas, constituindo assim importante papel na dinâmica e vida urbana. As feiras, juntamente com os camelôs, posicionam-se estrategicamente como atividades ligadas à RUA, resgatando assim a vivência dos encontros e percursos que proporcionavam a INTERAÇÃO e TROCA entre os CIDADÃOS. Tais atividades são incorporadas ao programa de modo a se somar com o comércio existente no local. Ainda para favorecer o uso da praça tem-se uma Estação de ônibus na parte de conexão com a praça XV de novembro, onde atualmente há o maior fluxo de pedestres.
Visando agrupar serviços institucionais de retirada de documentos, e trazendo oportunidades de SE FAZER CIDADÃO, o Poupa-Tempo ajuda a GARANTIR as oportunidades de AÇÃO COLETIVA.
Contextualizando a praça como um ESPAÇO DINÂMICO, onde seja possível a COMUNICAÇÃO entre o corpo e o espaço é proposta uma área de atividade física familiar, e junto com esta uma área de interação musical, na qual é possível a ampliação das PERCEPÇÕES. Ainda áreas de descanso dispostas ao longo da praça funcionam como ‘sala de estar’ no centro urbano.
Para que o PÚBLICO prevaleça sobre o PRIVADO em vários níveis de intervenção, o último andar da edificação mais alta é destinado ao uso de CONTEMPLAÇÃO e reflexão da paisagem, uma vista privilegiada que deve ser DESTINADA A TODOS pela lembrança do que aquele lugar foi, e pela percepção do que é e do que pode vir a ser com relação à ÁGUA.
Um Hotel e salas comerciais promovem fluxo de pessoas em busca desses serviços, que aumentam o uso da praça ao longo do dia, durante o horário comercial.
Ainda ao longo do percurso há a disposição de espaços de alimentação e restaurante, servindo como suporte as atividades implantadas no local.
Como habitação permanente optou-se pela adaptação e qualificação de prédios PERTENCENTES ao antigo bairro da Pedreira, tangente ao terreno de escolha, voltando-o prioritariamente ao caráter de Habitação de Interesse Social, de modo a permitir então o ACESSO mais intuitivo da população que CARECE de ESPAÇOS PÚBLICOS QUE PROMOVEM O DIREITO DE FAZER PARTE e numa tentativa de em parte reverter o processo de negação e exclusão dessas pessoas à cidade.
PROGRAMA COM ÁREAS DESTINADAS A CADA ATIVIDADE
- Instituição de Ensino: Universidade Federal de Santa Catarina