Esta é uma casa residencial localizada em um terreno estreito no centro de Kyoto, a antiga capital do Japão. A área é repleta de casas tradicionais de madeira. Enquanto herdamos as vantagens dessas casas, procuramos superar seus inconvenientes e conceber um espaço agradável e confortável. O aspecto mais característico dessa residência é sua forma poliédrica de paredes divisórias. Estas não foram criadas por intuição, mas são baseadas em conceitos lógicos e realizam diversas funções.
Primeiramente, as paredes divisórias, normalmente posicionadas nas direções vertical e horizontal, possuem diversas dimensões e conectam os quartos livremente nos três pisos. Logo, o espaço criado é um ambiente contínuo com nuances dinâmicas: é simultaneamente amplo e heterogêneo.
Além disso, as paredes divisórias funcionam como refletores de luz natural. Elas suavemente transmitem a luz solar que entra tanto pelo lado norte como pelo lado sul para a parte interior oposta e escura do edifício. Finalmente, essas divisões obscurecem o limite entre arquitetura e mobiliário, estimulando assim a percepção e o comportamento. Dissolvidas em pisos e paredes, as paredes de madeira compensada oferecem experiências agradáveis como a de tocar ou passar a mão. A casa como um todo é uma máquina para viver, como um equipamento de playground.
Devido às regulamentações de paisagem e o contexto físico da vizinhança, herdamos a forma e a composição tradicionais das casas da região. Mas, ao mesmo tempo, esta casa supera os aspectos negativos de seus vizinhos. A estrutura de madeira dessas casas tradicionais não permitem grandes aberturas nas laterais mais baixas da construção, o mesmo caso para os pavimentos.
Consequentemente, o interior é escuro e os relacionamentos entre as pessoas se limitam à direção horizontal. Neste projeto, a estrutura metálica rígida e a composição poliédrica de partições são os fatores que permitem a superação dos inconvenientes das moradias típicas. Grandes aberturas nas paredes e nos pisos, acompanhando as divisões, possibilitam que a luz natural se difunda em diversas direções e incentivam as comunicações e os movimentos tridimensionais.
Libertos das restrições do sistema antigo, os ocupantes podem ter diversas relações entre eles mesmos e com o espaço e uma nova forma de vida na área histórica de Kyoto que emerge.