O Ballast Point Park está localizado em um cabo proeminente com vista para o porto de Sidney. Uma antiga unidade de produção de lubrificante Caltex e armazenamento de petróleo, o terreno está sobre a ponta do subúrbio de Bichgrove no interior oeste de Sidney.
A restauração do Ballast Point em um novo parque público ao lado do porto revela e atrai o interesse na história do local através da retenção das faces da falésia onde o lastro foi uma vez extraído pelos primeiros colonizadores, bem como pela manutenção das marcas do armazenamento dos tambores que ocuparam o local anteriormente.
O desafio foi estabelecer uma linguagem projetual apropriada que respondesse à história do local e aos abusos cometidos no passado, enquanto celebrasse esta nova camada a sua memória. Nossa estratégia aborda estas questões retendo componentes seletivos das camadas passadas com uma composição de materiais reciclados e elegantemente trabalhados, detalhados segundo os princípios de desenvolvimento ecologicamente sustentável (ESD), para criar um parque que fala do futuro.
Nosso objetivo foi explorar a utilização de materiais reciclados em todos os elementos do projeto a fim de limitar o uso de matérias-primas recém-extraídas. Não queríamos destruir uma paisagem para reconstruir outra.
Os muros de arrimo são construídos de materiais reaproveitados das demolições do local e todo o concreto aplicado é uma mistura de reciclados. Todo madeiramento, agregados, solo e palha são reutilizados. Esta composição destes materiais reciclados é mantida em conjunto por uma atenção apurada ao detalhe que a eleva acima do pragmático para o único. O parque nos desafia a reavaliar o potencial de uso de materiais reciclados com o intuito de criar produtos sofisticados e reduzir a necessidade de se extrair novas matérias-primas.
O programa arquitetônico para a remodelação do parque inclui dois edifícios de apoio e uma estrutura de cobertura sobre a falésia. Estas intervenções arquitetônicas trabalham com toda esta filosofia, criando camadas de estruturas contemporâneas no local que complementam as características remanescentes do sítio através de sua materialidade e sensibilidade industrial.
Uma série de dispositivos de sombreamento elegantemente trabalhados foi desenvolvida como artifício arquitetural fundamental para conectar as estruturas ao redor do parque que, por sua vez, agregam uma qualidade de textura granulada a este contexto pós-industrial. Essas estruturas preveem espaços iluminados e naturalmente ventilados, com um intrigante jogo de luz e sombra para os blocos de apoio e dispositivos de sombreamento.
O dossel sombreado é formado por uma trama de faixas em amarelo dourado, referenciando a riqueza e a cor das faces da falésia de arenito e seus recortes. Esta trama é tecida em um padrão de entrelaçamento que proporciona sombra total no meio do dia e luz fragmentada na manhã e no fim da tarde, exibindo um jogo de luz e sombra em constante mudança que anima as estruturas ao longo do dia.
Ao se aproximar, pode-se “ouvir” as estruturas conforme o vento sopra sobre elas, o que causa mínimas vibrações na trama. Além disso, proporciona-se uma compreensão da construção e das forças estruturais no jogo expressado através do sistema de tensão desenvolvido para formar a cobertura tramada, aludindo às mecânicas e à alegria dos ofícios náuticos no porto.
Os blocos de apoio são protegidos pela estrutura da cobertura. Abaixo dela estão os módulos em planta livre de concreto moldado in loco com agregados reciclados e madeira reaproveitada. Estes materiais formam uma extensão contínua da materialidade do parque, explorando a robustez do local bem como trazendo elementos sofisticadamente trabalhados para a composição como bacias pré-moldadas sob medida.
A expressão arquitetônica posiciona-se elegantemente entre a abstração e o aspecto tectônico, permitindo ao olho apreciar de uma distância as estruturas de sombreamento como delicadas pipas texturizadas plainando sobre o vento.