Este prédio de apartamentos está localizado num bairro central da cidade de São Paulo, bem servido de equipamentos urbanos, de comércio e serviços. Por isso foi pensado como um edifício sem área comum, ou atividades coletivas dentro do lote (como academias esportivas, salões de festas, etc.), fato muito comum na maioria dos prédios residencias da cidade. Neste caso o espaço coletivo é a própria cidade, suas praças, seus eventos.
Imaginamos um edifício cuja volumetria se insere delicadamente na quadra, com gabarito de nove andares e um amplo recuo junto à rua. Este jardim de entrada funciona como respiro tanto para o prédio quanto para a rua, além de configurar uma entrada bastante marcante, com os planos inclinados que conformam o jardim e a rampa de acesso ao hall do prédio.
O edifício é o resultado do encaixe das doze unidades autônomas que o compõe, cada uma com sua morfologia específica – existem apartamentos com pé-direito duplo, apartamentos que se abrem para os jardins do térreo e outros que usam a cobertura como solário. Ainda assim, trabalhamos bastante para que a associação destas unidades de características diferentes resultasse numa volumetria geral interessante.
Para tanto existe uma série de vazios no prédio que organizam o conjunto. São amplas varandas que funcionam como verdadeiros quintais dos apartamentos, ou fendas que recortam o volume com o objetivo de trazer luz para os espaços internos. Na entrada, um destes vazios, em forma de tronco de pirâmide, conduz o visitante desde a rampa de acesso até o hall principal do edifício.
Como vimos, cada unidade tem sua morfologia própria. Além disso, o espaço interior dos apartamentos pode ser configurado com grande liberdade, de acordo com as necessidades dos moradores. Cozinhas e banheiros podem ser mudados de lugar, os espaços podem ser totalmente integrados ou então divididos em ambientes específicos. O projeto foi pensado desde a origem com o propósito de se criar espaços flexíveis, uma vez que nos grandes centros urbanos são cada vez mais necessários arquiteturas que dêem conta da mutabilidade e velocidade de transformação dos modos de viver.