O Prêmio Secil Universidades tem como objetivo incentivar a qualidade do trabalho acadêmico e o reconhecimento público de jovens oriundos das Escolas de Arquitectura e Engenharia Civil portuguesas. São atribuídos 5 prêmios na categoria arquitetura. Abaixo um dos vencedores da edição 2011: Banhos Piscinas Lisboa de João Carmo Simões.
Este projeto desenvolve-se sobre a condição privilegiada que a cidade de Lisboa tem ao estar perante o magnifico estuário do rio Tejo. Localizado entre a zona do Beato e o Parque das Nações, numa zona ribeirinha pouco explorada, que compreende uma área de 75ha onde não existe cidade, mas um enorme vazio urbano que confere descontinuidade à cidade.
Desenvolveu-se um plano urbano abrangente que trata este enorme vazio como um todo, pretendendo ligar e unificar a cidade. Assim, o plano assume um grande eixo de circulação que é remetido para o interior, em continuidade com a Avenida Infante Dom Henrique, paralela à doca do Poço do Bispo, ligando-a à Alameda dos Oceanos, no Parque das Nações. Este eixo pretende ser uma grande alameda de circulação, que delimita um enorme corredor verde ribeirinho, com 200m de largura, pontuado por grandes equipamentos públicos como museus, bibliotecas, supermercados, etc.. Pretende-se que estes equipamentos apareçam por entre o arvoredo e que se elevem do chão, permitindo uma permeabilidade visual para o rio.Com isto quer-se reivindicar o carácter maioritariamente público para a zona ribeirinha de Lisboa. Ao longo deste corredor estendem-se uma linha de eléctrico, um amplo passeio público e uma praia urbana com 1km de extensão, que possibilita e promove à população da cidade de Lisboa uma relação próxima, natural, livre e quase intuitiva com o rio Tejo.
O edifício proposto, “os banhos e piscinas de Lisboa”, funciona como um elemento de exceção a este plano e que se pretende marcante, agregador, urbano, público, e charneira entre a zona da doca do Poço do Bispo e o plano proposto. Não se fechando à cidade, como podem sugerir os seus enormes planos cegos, o edifício, pelo contrário, procura, a vários níveis, mostrar o que se passa no seu interior, servindo a cidade com espaços comerciais, e albergando, sobre o rio e sobre a doca, restaurantes e bares que oferecem à população a possibilidade de usufruir dessa excecional posição. O edifico eleva-se do solo como que convidando a população a aproximar-se.
O Rio é o foco principal e é em direção a ele que vamos, ao mergulhar na enorme piscina exterior que o edifício encerra. Nos pisos superiores o programa estende-se entre banhos: saunas, salas de massagens e solário, no corpo norte; piscina desportiva olímpica e de saltos, no lado poente; e ginásios que se abrem ao rio e à doca do Poço do Bispo, a sul. O programa orienta-se no sentido de criar momentos ora públicos e de carácter social, de confraternização e interação dos e entre as pessoas, como é o caso dos banhos públicos; ora momentos de maior individualidade, introspectivos e de silêncio, da relação do homem com a água, com a paisagem e consigo próprio, como salas de massagens, saunas ou os balneários individuais.
O edifício surge no momento de inflexão da costa e marca assumidamente uma posição no território, balançando-se sobre o Tejo, pretendendo que se torne mediador e impulsionador da relação da população com o rio. O conjunto da proposta urbana no geral e do edifício em particular pretendem intensificar e valorizar a relação do homem com a água, aproximando a população da cidade de Lisboa do seu magnifico Tejo, valorizando assim a cidade e os seus habitantes.
- Universidade : Da/UAL Universidade Autónoma de Lisboa