O trabalho da nova Oficina de Ferramentas para a Faculdade de Arquitetura e Planejamento da Universidade Finis Terrae, surge como uma necessidade primária de ampliação da faculdade, para acomodar um espaço de trabalho para os alunos, com uma sala de alta tecnologia, uma grande maquetaria com um espaço central com pé-direito duplo para o uso de maquinarias e maquetes, um armários de ferramentas e lugares de armazenamento.
A solução vai além do trabalho inicial, atribui-se o encargo de resolver as perguntas não feitas, as expectativas não evidentes, projetando, não somente o motivo do pedido, mas também criando um edifício com valor agregado e um valor na arquitetura.
O TRABALHO REVELADO
Com relação às condições formais, o novo edifício devia ocupar um volume existente no subterrâneo, que contava com um espaço fechado de pequenas dimensões e grande altura, além de uma praça rebaixada com uma arquibancada, que funcionava como extensão da oficina e como anfiteatro aberto.
O TRABALHO VELADO
O volume era um anexo exterior, localizado ao norte do edifício principal da faculdade, sem conexão com este e em uma situação de barreira entre o pátio oeste e os estacionamentos no leste, o que definiu a circulação exterior no pátio sul do edifício, sendo compartida com a circulação de veículos. Este espaço gerou duas seções não ligadas, já que estava localizado no centro do prédio, conformando espaços residuais para a circulação dos alunos ao seu redor, e o deixando isolado com relação ao edifício principal.
Além disso, o edifício existente contava com dois volumes que não contam com circulações que os vinculem nos níveis superiores, e por isso nasce o conceito de ponte conectora entre o exterior, o edifício e os dois volumes do edifício, traduzindo-se em uma grande praça exterior.
No entanto, o principal desafio era construir um edifício que refletia o valor da arquitetura como imagem de desenho. Um desafio estrutural e formal que representasse uma escola de arquitetos e planejadores.
A ESTRATÉGIA
A principal estratégia, frente às variáveis do existente e o vínculo necessário entre ambas as partes do edifício, foi projetar uma estrutura para abrigar o programa, e ainda, atuar como um edifício ponte que conectasse o existente. Uma estrutura capaz de suportar e suportar-se, que desse lugar a atividades tanto interiores como exteriores na sua cobertura, e que atue como uma grande praça elevada, resgatando o espaço perdido.
Projeta-se um edifício contemporâneo, com caráter próprio e autonomia funcional que caracteriza e dá nova imagem e identidade à faculdade. Pensa-se uma estrutura auto-portante, a qual responde a necessidade de interconexão e circulações dos espaços existentes, que se dobra, se localiza e se adequa ao já existente.
O RESULTADO
Com três níveis: um nível básico existente, um primeiro nível como um balcão no subterrâneo com pé-direito duplo e uma cobertura habitável. É somente uma estrutura que se dobra em grandes painéis e paredes de concreto, e que cobre os espaços interiores que atuam como uma planta livre, permitindo flexibilidade no seu uso e capacidade de transformação programática com o tempo.
O projeto conecta-se ao edifício adjacente por uma via para pedestre continua, nos primeiro e segundo níveis, por meio de pontes e um grande terraço, capaz de gerar um espaço aberto de exposição e encontro. As escadas desenvolvidas funcionam como um anfiteatro para a faculdade, resgatando o valor do espaço que existia.
O projeto é o resultado de uma exploração formal que se desenvolve sob um quadro de desenvolvimento projetual, resolvendo em primeiro lugar os requerimentos e necessidades do cliente, onde logo se incorporam as variáveis arquitetônicas, que dão resultado à imagem formal e ao edifício construído.
Informação Complementar:
- Cálculo: Hinojosa Ingeniería Asociados Ltda.
- Construtora: Constructora Valle Alto Ltda.
- Cliente: Universidade Finis Terrae
- Área projeto: 253,63 m2
- Área Construída Existente: 1.976,68 m2