Teleférico de Gaia / Guedes + DeCampos

 

Teleférico de Gaia – Máquinas na Paisagem, Guedes + DeCampos

O projecto surge de um concurso de concepção/construção e exploração. Apesar dos riscos inerentes desta tipologia de concurso, que secundariza e fragiliza o papel do arquitecto, interessou-nos o desafio de intervir numa paisagem tão impressionante como o novo eixo Serra do Pilar – Cais de Gaia e, simultaneamente, conciliá-la com a complexidade tecnológica de um teleférico.

Estação Alta | © Alberto Plácido

No fundo, tratava-se ainda da criação de um novo eixo urbano – axial, funcional e visual – caracterizado pela introdução de um movimento fortíssimo na paisagem. Propôs-se esta tipologia para a cidade de Vila Nova de Gaia com uma abordagem lúdica e funcional, considerando a dinamização do local e do turismo, ligando as caves de vinho do Porto e a marginal (com forte componente de restauração) ao metro e à Serra do Pilar, situados à cota alta.

Estação Alta | © Alberto Plácido

Estação Alta – Motriz

A Estação Alta inicialmente implantada no jardim do Moro com os mesmos pressupostos da Estação Baixa, passa a meio do processo a ser implantada na encosta obrigando à reformulação total dos conceitos estabelecidos. A nova construção na encosta, mais exposta, com maior área e visibilidade, conduziria a um projecto inevitavelmente marcante na paisagem o que obrigaria a um constante jogo de escalas.

Estação Alta | © Alberto Plácido

Constitui um novo desafio albergar a nova infra-estrutura com impacto mínimo na paisagem e respondendo aos complexos requisitos técnicos e estruturais necessários à construção de uma Estação Motriz.

Estação Alta | © Alberto Plácido

A Estação Alta dissimula-se no muro/contraforte existente e pretende ter um carácter neutro e abstracto sem linguagem, quase intemporal. O projecto procura conciliar a ortogonalidade do casario com a obliquidade do eixo do teleférico, contrapondo o carácter monumental da construção na escarpa com a escala doméstica das habitações adjacentes.

Estação Alta | © Alberto Plácido

O acesso à cota alta é possibilitado a partir de rampas e escadas que dão acesso à cobertura-miradouro, que consolida e remata o muro contrafortado existente. Tal como um “caminho de ronda”, explora-se a fruição do local e a vista sobre o Porto.

Estação Alta | Fachada Oeste
Estação Alta | Corte
Estação Alta | Planta 00

Estação Baixa – Tensionamento

A implantação do edifício da Estação Baixa na marginal do rio Douro privilegia o uso público do espaço melhorando a acessibilidade, para o que também contribuiu a concepção da peça sobre-elevada que constitui a plataforma de embarque/gare do teleférico.

Estação Baixa | © Alberto Plácido

O conceito arquitectónico da estação baixa reside numa estrutura simples e pragmática inspirada na ossatura de um barco: um esqueleto de ferro com ripados verticais metálicos é suspenso sobre uma estrutura central (quilha) em betão, formando duas consolas. A colocação de duas escadas rebatíveis e suspensas, tornam estanque o edifício quando o serviço está encerrado, sem ser necessário recorrer a vedações, e garantindo a segurança do espaço.

Estação Baixa | © Alberto Plácido

A forma arquitectónica surge como marcação da axialidade própria deste tipo de equipamento, onde o eixo imaterial – do movimento ao longo do trajecto em cabo –  coincide com o eixo físico e estrutural do edifício que incorpora os postes da Estação.

O eixo estrutural de suporte dos edifícios é também eixo infra-estrutural, concentrando diferentes equipamentos de apoio ao teleférico (bilheteiras, posto informativo, sanitários, quiosques), enquanto que a plataforma de embarque surge sobre-elevada. Trata-se verdadeiramente de uma única peça, em 2 actos.

Estação Baixa | Corte
Estação Baixa | Detalhe escada

A forma ritmada dada pelo ripado confere uma aparência mutante ao objecto, com suaves efeitos ópticos de transparência e opacidade conforme o ponto de observação e de acordo com as mutações de luz ao longo do dia, introduzindo-se o ritmo, a cadência, o tempo, o muito que se vê e o muito que se oculta.

Estação Baixa | Plantas

Ficha técnica:

  • Arquitetos:Guedes + DeCampos
  • Ano: 2011
  • Área construída: 2931 m²
  • Endereço: Vila Nova de Gaia Portugal
  • Tipo de projeto: Equipamento Urbano
  • Status:Construído
  • Materialidade: Concreto e Metal
  • Estrutura: Concreto
  • Localização: Vila Nova de Gaia, Portugal

Equipe:

  1. Arquitetura: Francisco Vieira de Campos + Cristina Guedes
  2. Coordenador: Francisco Vieira de Campos
  3. Equipe: Francisco Lencastre, Cristina Maximino, Adalgisa Lopes, Joana Miguel, Inês Ferreira, Pedro Costa, Ana Matias, Ana Leite Fernandes, António Ferreira, João Pontes, Luís Campos, Mariana Sendas, Tiago Souto Castro, Miguel Brochado, Pedro Azevedo

 

 

 

 

 

 

 


 

Informação Complementar:

  1. Engenharia estrutural e hidráulica: Struconcept
  2. Engenharia elétrica: RGA
  3. Acústica: PROENSAL
  4. Paisagismo: Luís Guedes de Carvalho
  5. Imagens: Estúdio Goma
  6. Design comunicacional: Francisco Providência
  7. Construtor: Etermar, S.A.

 

 

 

 

 

 

  1. Cliente: Transportes por cabo e concessões, S.A.
  2. Promotor: Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
  3. Equipamento do carro do teleferico: Doppelmayer
  4. Projeto: 2007-2011
  5. Construção: 2009-2011
  6. Área: 2.520m² Estação Superior | 411m² Estação Inferior
  7. Memorial descritivo: Guedes + DeCampos

 

Sobre este escritório
Cita: Gica Fernandes. "Teleférico de Gaia / Guedes + DeCampos" 13 Mar 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-37724/teleferico-de-gaia-guedes-mais-decampos> ISSN 0719-8906

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