Arquitetura e Urbanismo:
O conjunto de edificações que compõem o Complexo Terminal de Passageiros 3 inserem-se no contexto do Plano de Desenvolvimento do Aeroporto – PDA elaborado para este sítio, respeitando integralmente as diretrizes de seu zoneamento funcional e potencializando, do ponto de vista do uso racional de seus espaços, a escassa área remanescente do sítio aeroportuário.
1.1 Inserção Urbana:
O projeto considerará, também, em escala mais ampla, a conexão de todo o complexo aeroportuário com o trecho norte do rodoanel através de um sistema de pistas (cujo projeto está em desenvolvimento por parte da Dersa) que ampliará siginificativamente as possibilidades de acesso rodoviário de toda a macrorregião, assim como sua integração aos demais modais de transporte, ora em fase de estudo, como o trem CPTM e o futuro TAV.
1.2 Área Escopo do Projeto:
Na nova Área Terminal de Passageiros prevista para a implantação do complexo do TPS3, determinada pelo edital e conforme diretrizes do PDA, foram indicadas 3 sub-zonas classificadas conforme tipologia de uso e modo de operação, que são:
- Área para a implantação do Terminal de Passageiros 3 (TPS 3);
- Área para estacionamentos e Edifício Garagem (EDG);
- Área Comercial;
Este sub-zoneamento, que garante a hierarquia adequada e a operação autônoma de seus componentes, sugere uma gradação de aspecto, de sofisticação de desenho e de soluções construtivas.
1.2.1 O TPS 3 – ARQUITETURA
A arquitetura do novo terminal de passageiros se apóia em três pilares fundamentais: 1) No desenho de caráter singular e monumental, inerente à arquitetura de edificações em escala global; 2)Na racionalidade construtiva, como medida prioritária para garantir o cumprimento das metas de projeto; e 3)Na Funcionalidade plena para tornar o trânsito de 19 milhões de passageiros/ano racional e eficiente.
A dimensão horizontal do sítio em que se insere o novo TPS se impõe como força dominante do lugar.
A cobertura, elemento morfológico único, reflete essa horizontalidade e sugere uma espécie de “nova topografia”, alterada para abrigar a função precípua da edificação.
Essa deformação da superfície horizontal se reflete diretamente em três grandes arcos ligeiramente abatidos, legíveis na escala do aeroporto, que fixam, a partir disso, as regras para a definição do sistema estrutural primário do plano da cobertura.
O perfil resultante acaba por estabelecer o ajuste perfeito entre forma e função e, de forma indireta, a identidade da arquitetura do Terminal, e remete, de certa forma, ao desenho das catedrais já que insinua a criação de três naves, cuja central, com o maior vão e altura, justifica a analogia.
A nave central, por assim dizer, é uma resposta objetiva à “mancha” fixada pelo edital, e assume as características de espinha dorsal da edificação à medida em que, não só amplia a legibilidade do eixo estabelecido pelo finger, como também abriga os principais elementos funcionais, das áreas técnicas e do processamento de bagagem.
A geometria resultante da cobertura reforça o conceito de “under one roof” e propõe um sistema estrutural que, apesar da aparente complexidade formal, resultou absolutamente simples. Uma série de treliças espaciais em aço, dispostas paralelamente 15 metros entre eixos e inseridas ao longo de uma curva sutil que começa no meio-fio de embarque, garantindo a altura e projeção de beiral adequados, eleva-se suavemente até o meio da edificação e volta a descer , de forma mais abrupta, em direção à ponta do finger ajustando, intencionalmente, sua escala.
A cobertura desenha beirais generosos não só ao longo do meio-fio da edificação mas, também, em todo o seu perímetro, ao longo das salas de embarque e do conector de desembarque para, além de diluir a massa edificada resultante da extrusão dos pavimentos, permitir o controle térmico através do sombreamento desejável para a latitude em que se posicionará a edificação, gerando, consequentemente, uma redução significativa do consumo de energia a partir do sistema de condicionamento.
Essa peça de desenho expressivo e original, absolutamente funcional, e que encontrou no arco, solução secular, a forma adequada para a realização dos grandes vãos propostos; visto que seria impensável em um edifício desta escala e que supera em dimensão os terminais existentes, uma solução que determinasse pequenos vãos, e que não colaborasse com a flexibilidade desejável, com a facilidade de apreensão da edificação por parte do usuário e com o “easy find and easy flow”; torna-se também responsável por outra função, cuja contribuição passiva é fundamental para a redução dos custos de manutenção do novo TPS, que é a de aumentar a inércia térmica da cobertura, isolando-a, reduzindo assim, o ganho direto de calor através de sua “fachada” mais vulnerável.
O conjunto proposto para o sistema será executado livre de instalações garantindo, tão somente, o suporte para o sistema de iluminação artificial. Mas será responsável, além das questões supracitadas, pela fixação de índices ótimos de reverberação e isolamento acústicos fundamentais para um terminal de passageiros.
Consideramos o pavimento de embarque, do ponto de vista não só da resolução estética do edifício, como também para permitir a leitura externa dos níveis operacionais, o “térreo” do complexo. Essa diferenciação, reforçada pela presença da plataforma das pistas do meio-fio de embarque, se dará através, basicamante, do peso e da transparência dos vedos ao longo do perímetro da edificação.
Do piso do nível de embarque até o ponto em que se toca a superfície inferior da cobertura o sistema para a caixilharia será de transparência absoluta, com painéis de vidros claros de baixíssima reflexão e na dimensão máxima permitida para a produção em larga escala.
Essa transparência desejada além de permitir a entrada de luz natural difusa, visto que os beirais conferem a proteção adequada da incidência de luz solar direta, objetiva dotar o piso de embarque de capacidade plena de visualização, potencializada pela cota 10.70, tanto do pátio e das aeronaves quanto do entorno próximo do sítio aeroportuário.
Abaixo disso, na altura que compreende o mezanino de desembarque, a intenção é oposta. Vidros escuros sobre uma caixilharia mais robusta, sem comprometer os níveis mínimos de iluminamento, objetivam inibir a permanência no conector de desembarque e, ao mesmo tempo, gerar este embasamento sobre o qual se apóia todo o sistema da cobertura e as salas de embarque.
Este volume inferior, abaixo da cota 10.70, torna-se absolutamente distinto também, nas suas características construtivas. Um “grid” retangular em aço, cujas dimensões, 15×20 metros verificaram-se como as mais adequadas para a realização de questões técnicas fundamentais à operação do aeroporto:
1)A instalação de 16 esteiras de restituição de bagagem com os devidos espaçamentos estabelecidos pelo requisito.
2)A circulação plena e segura dos Dollies junto à praça de movimentação de bagagem.
3)O grid estabelecido possibilitou também o ajuste preciso dos pavimentos do TPS ao perímetro fixado pelo edital para a implantação da edificação.
Ao determinarmos esse conjunto de intenções e diretrizes para a edificação do terminal; cujo objetivo fundamental, além de responder precisamente às questões técnicas e funcionais, é o de gerar uma edificação de caráter singular e monumental; fixamos o padrão máximo para o conjunto das edificações que compõem o Complexo Terminal de Passageiros 3.
A configuração estabelecida para os níveis operacionais do novo TPS 3 induziu à uma solução para a conexão com o EDG absolutamente simples e funcional. Inserimos na cota média entre os pisos de embarque e desembarque dois eixos, distanciados 200 metros entre sí, e posicionados de forma a garantir, tanto para o fluxo de embarque quanto para o de desembarque, às menores distâncias a serem percorridas.
Estes dois canais, de 12,5 metros de largura cada um, definem as únicas opções de ligação entre o TPS 3 e o EDG e foram desenhados de forma a não só cumprir a função básica de conexão mas, também, de minimizar o impacto e possíveis interferências na zona destinada à implantação do TAV e do Trem Metropolitano previstos em edital.
O desenho resultante gera duas vigas-pavimento recuadas do plano da fachada, onde teremos, junto ao eixo das passarelas , a instalação de esteiras rolantes de modo a permitir a “redução” das distâncias tanto para pessoas com mobilidade condicionada quanto para o usuário comum.
No perímetro, livre de elementos estruturais, a faixa destinada à circulação livre, dimensionada de forma a permitir não só o tráfego normal de usuários como, também, de carrinhos e pequenos veículos motorizados.
1.3.2 EDG – área para Estacionamentos e Edifício Garagem
A edificação se define através de dois volumes estruturalmente independentes gerados a partir de necessidades funcionais específicas, a saber:
- O estacionamento de veículos propriamente dito.
- E o conjunto das circulações verticais, hall de acesso às passarelas que conduzem à edificação do TPS.
O primeiro responde diretamente à previsão de 7600 vagas, já considerando o atendimento à demanda de 12 à 19 milhões de passageiros/ano.
Consiste basicamente em um sistema de concreto pré-moldado, convencional, que pode ser produzido tanto no canteiro quanto em fábrica, em larga escala, de forma a garantir, à empresa responsável pela construção e operação do EDG, o cumprimento do cronograma estabelecido para o início das operações do complexo.
O módulo fixado de 16,25 x 12,5 metros garante não só a acupação ótima do pavimento, como uma redução significativa de pontos de apoio gerando, diretamente, economia nos custos de fundação.
O segundo volume, destinado ao conjunto das circulações verticais, é o elemento que estabelece a transição de linguagem entre a área de vagas e a edificação do TPS. Este corpo metálico, estruturalmente autônomo, espaço que antecipa, inclusive, algumas facilidades como totens de auto-atendimento, por exemplo, tem a função básica de conduzir os usuários do EDG ao sistema de passarelas do TPS através de um espaço não compartilhado com veículos, de características espaciais diferenciadas, que permitirá, além da visualização do jardim entre as edificações, a leitura plena de todo os sistema de embarque e desembarque do Terminal de Passageiros 3.
1.1.3 Área Comercial
O espaço destinado à area comercial estrutura-se a partir dos dois eixos estabelecidos para a conexão entre o TPS e o EDG. Estes eixos desenham duas alamedas generosas que podem, quando conveniente, receber a extensão das passarelas existentes, conectando todo o conjunto.
Esta alternativa garante diversas possibilidades de exploração desta área por parte da Infraero. E pode se dar tanto de forma mais direta, com serviços afins às atividades do Terminal, quanto à serviços secundários de suporte ao complexo aeroportuário.
Informação Complementar:
- Comunicação Visual:
- Valéria London
- Paisagismo:
- Benedito Abbud
- Interiores:
- Roberto Negrete
- Conforto Ambiental:
- Anésia Barros Frota
- João Gualberto de A. Baring
- Luminotécnica:
- Plínio Godoy
- Projetos Complementares:
- Estrutura:
- Andrade Rezende Engenharia
- Instalações/ Orçamentação / Infraestrutura:
- PJJ Malucelli Arquitetura
- Coordenadores:
- André do Vale Abreu - Infra-estrutura
- Rubens Zeni - Instalações Hidrossanitárias
- Dagoberto Bostelmann - Instalações Elétricas
- Luiz Murta - Instalações Eletrônicas
- Alberto Gatti - Instalações Eletromecânicas