A casa VR 01 tinha como ponto de partida ser um espaço desenvolvido em um nível somente. O terreno de 36m de frente por 85m de profundidade possuía um declive de aproximadamente 2,50m a partir da metade do terreno e com uma vasta e preservada vegetação ao fundo.
Como a casa deveria ser térrea a solução adotada foi cortar o terreno de duas maneiras: o primeiro corte foi transversal e obedece ao ponto médio da frente do lote resultando em um platô no nível 101.40. O segundo corte foi longitudinal e configura o mesmo platô no nível 101.40 e cria mais um no nível 98.67, preservando a densa mata existente.
A partir desse ponto a casa surge com uma regularidade geométrica de forte identidade. Dois pavilhões de usos distintos (Dormitórios e Serviços) paralelos entre si e dispostos longitudinalmente ao terreno, formam o espaço coletivo que se assemelha a um pátio. Esse elemento tipológico claro, definido e intimista serve como o centro espacial da residência que dele se desenvolve, organizando e distribuindo todos os seus cômodos. Surge como ordenador da casa, como um elemento que tem por objetivo criar um espaço capaz de proporcionar maior privacidade, apresentando-se como um centro irradiador.
É o espaço psicológico, introvertido e central que ao mesmo tempo em que está aberto e exposto propicia o caráter privado ao usuário. Um espaço de encontro, de convívio e de relação direta com a paisagem, permitindo maior exposição da casa à circulação dos ventos e de iluminação natural, criando um adequado microclima. Um elemento simbólico que possui características próprias, configurando, entre outras coisas, um espaço com ambiência sonora peculiar e de proteção acústica possibilitando simultaneamente estar ao ar livre e proteger-se contra as fontes de ruído externo à edificação.
Como forma de posicionar e garantir o melhor conforto ambiental, o pavilhão de serviço é deslocado em direção à rua. É um mecanismo espacial que possibilita que os dormitórios, orientados à melhor face, tenham a adequada incidência de luz natural, resultando em dois blocos paralelos longitudinais, porém desalinhados transversalmente. Esse mecanismo estimula a criação de novas espacialidades e fornece a possibilidade que resolvê-las de maneira simples e direta: um grande elemento conecta os pavilhões e define de forma definitiva as zonas funcionais da residência.
Trata-se de uma estrutura de 225.00 m ² em perfis laminados e treliças metálicas apoiadas em três pilares de concreto. Esta cobertura de 15m x 15m configura três espaços distintos: garagem, estar e varanda e confere unidade entre eles através do forro de madeira fixado na própria estrutura metálica. Elevada em relação aos blocos sua configuração representa a continuidade dos espaços e simplifica a leitura da casa transformando-a em um objeto de volumetria essencial, contundente e clara.