Grândola, uma vila de que sempre gostámos e à qual estamos ligados pelos familiares mais próximos. E apesar de ser uma vila onde abundam belos exemplares da arquitectura popular alentejana, o loteamento em que a casa se insere é recente e periférico. A sua ocupação é densa, e o que já se construiu chega a ser pretensioso e desenraizado.
O projecto evoluiu de forma natural, progressiva, em passos curtos mas seguros. Partiu-se de um conjunto de dados programáticos bastante restrito: número de quartos, sala, cozinha, respectivas áreas.
Em tudo o mais, os pedidos transferiram a dúvida para o arquitecto: “faz como se fosse para ti”.
Procurámos que no exterior, a casa fosse simples e precisa: compacta, parcialmente introvertida e que garantisse a privacidade num loteamento caracterizado pela grande proximidade entre construções.
Da arquitectura alentejana tradicional regista apenas, para além do sóbrio volume branco, alguns traços ou tópicos. Se o peso e sentido tectónico se impõem, a leveza e a delicadeza ocultam-se. No interior descobre-se o pátio, cubo “ausente” e exterior, como centro da casa. É aí que inesperadamente se encontra luz, conforto, privacidade, espaço e a transparência que o pequeno e opaco volume exterior não permite adivinhar.