O projeto está implantando num terreno com área total de 1364m², próximo à uma velha zona industrial de Porto, que agora está sendo revitalizada, pelo uso do solo para atividades relacionadas à empresas, substituindo as indústrias anteriores.
O planejamento do uso do solo classifica o terreno como numa zona de “… estabelecimento progressivo de empresas representantes de diferentes áreas de negócio e das que desenvolvam pesquisa e inovação, a fim de promover a competitividade na cidade e seu papel na região, bem como a utilização complementar tais como: habitação, serviços, comércio, equipamentos e hotéis, empresas turísticas e restaurantes”. Fazendo parte do processo de revitalização, o edifício está implantando perpendicularmente à Rua Manoel Pinto de Azevedo (MPA).
O projeto respeita o planejamento, ao estar inserido num lote que é objeto de uma divisão. A Fachada sudoeste define uma nova praça, aberta para a Rua Manoel Pinto de Azevedo. Criando um diálogo com este espaço público, desenhando uma frente marcada pela relação de entradas e lojas com esta “praça”.
Esta ideia é reforçada pelo fato do edifício fechar-se a si mesma na frente pequena da rua. Formalmente contido, o volume construído quer apresentar dois momentos: o contato com o solo, muito claro (transparente), em vidro, onde todos os planos opacos são cobertos com chapas de aço; e a relação com a linha horizontal mais opaca, onde a alternância das aberturas introduz uma tensão no desenho das elevações.
Os pavimentos superiores são revestidos com um reboco fino aplicado no isolamento térmico – sistema de isolamento térmico composto. Ao ser protegido por toldos exteriores com gessos da mesma cor, as aberturas contribuem, nestes pisos, com uma relação dinâmica da fachada, que pode possuir múltiplas combinações. Estes materiais, aço e o gesso fino – de cor escura – remetem ao passado industrial da zona. A referência para este tempo do lugar sempre estiveram presentes nas opções relativas à concepção e materialização do edifício.
O edifício, de uso misto, abriga uma escola e escritórios. A fim de permitir a autonomia dos usos, duas colunas de comunicações verticais servem cada um dos programas independentemente. No térreo, a “frente” do comércio volta-se para uma ampla praça no noroeste. Nesta frente, duas lojas de acesso público pelo exterior do edifício – uma cafeteria e um centro estacionário – que trabalham associados ao programa escolar.
A escola possui uma porta na fachada sudoeste, próxima à Rua Manuel Pinto de Azevedo. Este programa acontece em cinco andares: térreo, primeiro, segundo, terceiro e metade do quarto. No piso térreo há a recepção e um foyer de apoio ao auditório com 200 lugares. A entrada da escola é através de um espaço com pé direito triplo, marcado por uma escadaria, que além da função de circulação vertical, assume um caráter escultural. O primeiro piso é constituído pela secretaria da escola, a biblioteca e seis salas de aula.
Nos próximos dois níveis há sete salas de aula cada, a biblioteca – que é organizada em dois andares – ocupa parte do segundo andar e a sala dos professores está localizada no terceiro. No quarto, há duas salas de aula e o escritório da diretoria. O corredor interior, iluminado naturalmente, é amplo o suficiente para permitir outros usos. A flexibilidade na utilização das salas era uma preocupação principal em todo o processo de concepção.
Portanto, é apresentada uma solução que torna isto possível, tanto no primeiro andar, como no segundo ou terceiro, é criado um espaço único que une quatro ou cinco salas de aula na ala sudeste. A entrada nordeste permitirá a distribuição para os escritórios que ocuparam metade do quarto pavimento, e o quinto e sexto pavimentos por inteiro.
- Fotografias: Luís Ferreira Alves