Acreditamos que o projeto de reabilitação dos largos do Pelourinho deva ser abordado através de uma perspectiva de transformação que leve em consideração os fatores responsáveis pelo ressurgimento e nova decadência do sítio histórico, tentando aliar escalas territoriais e usos aparentemente contraditórios numa proposta em permanente construção.
A ideia de ‘cidade-sorvete’, citada por Lina Bo Bardi em seus estudos sobre o CHS, está bem manifestada no uso atual dos largos, onde todos são palcos para eventos e espaços de bares e restaurantes. Não restringir o uso dos largos a essas atividades é nossa primeira intenção.
A criação dos largos implicou numa transformação irreversível do patrimônio, espaços que antes eram quintais se tornaram praças, gerando uma espacialidade inovadora, indo de encontro às políticas de engessamento de sítios históricos.
Devemos tirar partido desse primeiro gesto inovador e reinterpretar o contraste da cidade colonial, onde mineralidade e cal representavam o espaço público, o verde e a penumbra os espaços privados.
Acreditamos que os largos devam ser repintados de branco, e propomos materiais distintos que sublinhem a identidade de cada um deles. Pedro Arcanjo torna-se um belvedere entre a cidade histórica e a cidade moderna, com um deck usado como anfiteatro, mirante e cinema a céu aberto.
Tereza Batista segue com sua vocação para grandes eventos, com um palco suspenso e um discreto toldo branco dialogando com as fachadas. A flexibilidade de seu layout permite que abrigue várias atividades, tornando-se o largo da inclusão social e de feiras de artesanato e culinária. Quincas é o retorno ao verde, parque e passeio público, teatro de rua e roda de capoeira, crianças brincando e idosos descansando.