A abordagem à problemática de cerzir o tecido urbano em que se enquadra o “centro cívico do pragal” deve ter como ideia base a evolução da “praça” ao longo da história. A criação de um quarteirão homogéneo, onde o seu interior é permeável, criando zonas de percurso, zonas de estadia e zonas de contemplação, em que a interacção com o palácio da Justiça e as tensões assim criadas contribuem para a integração, foram pontos de partida para a organização volumétrica. Os volumes elevados foram criteriosamente colocados de forma a minimizar o efeito barreira e permitir a manutenção do sistema de vistas dos prédios de habitação circundantes.
Uma plataforma onde as massas construídas organizam zonas de rua, zonas de esplanada e zonas de praça, em que os elementos de água e de arte pública marcam a transição entre a zona pavimentada e a zona ajardinada. a plataforma foi criada de modo a permitir a sua permeabilidade ao peão nas suas 4 fronteiras, ou com acessos de nível a nascente, ou através de escadarias nas outras direcções. O enquadramento do palácio da Justiça é garantido por um jardim suspenso, ao relacionar a água, as plantas lacustres, o relvado e as árvores de grande porte.
Aproveitando a morfologia do terreno, os primeiros pisos do embasamento que se destinam ao estacionamento, a nascente, transformam-se em zonas comerciais a poente. O edificado, embora sendo fragmentado nas suas massas construídas, possui uma forte leitura de conjunto e unidade formal em que os elementos são posicionados sem nunca perder a noção de conjunto.
O fechamento a norte do quarteirão realiza-se através de um único piso comercial onde o alçado exterior repete mimeticamente o alçado oposto do palácio da Justiça e o alçado virado para a praça é dotado de grande transparência anunciando a sua função. Foram criados percursos pedonais que percorrem a zona comercial em forma da “stoa” e desembarcam na praça, verdadeiro “Ágora”, espaço integrador convidando à permanência. Os dois corpos de escritórios relacionam-se pela transparência entre si e pela criação de uma fachada mais opaca nos alçados opostos, proporcionando uma noção de conjunto. O edifício dedicado à função de hotel é, do ponto de vista urbano, utilizado como ponto de referência, servindo a sua verticalidade de contraponto à horizontalidade do palácio da Justiça.