O projeto de 600 metros quadrados planejado para um casal com dois filhos adolescentes, em Londrina, Brasil, venceu o terreno em aclive sendo distribuído em três níveis. O primeiro, ao nível da rua, abriga toda a estrutura de serviços da casa e ficou camuflado graças ao vão livre que forma a garagem. Sobre ele, encontra-se o living e o quarto de hóspedes da residência.
O grande brise de madeira sinaliza a escadaria que dá acesso a casa. O terceiro pavimento acomoda os quartos, que se encontram num amplo terraço. O acesso a eles é dado por um longo corredor, amplamente iluminado por rasgos na laje e na parede, fechados com vidro. A luz é o grande luxo deste projeto. Gratuita, rica, abundante, generosa.
Neste contexto, foram criados espaços com total sinergia entre as áreas de convívio da casa. O espaço para refeições, varanda e home theater não possuem barreiras e receberam fechamentos em vidro que correm para dentro das paredes. Nas paredes e pisos, os materiais se repetem em profusão: placas de concreto, tijolo e madeira cumaru.
O mobiliário segue a receita contemporânea da residência, com traços precisos e econômicos, em sintonia com o desejo de renovação proposto pela família para a qual a casa foi projetada. A inversão dos materiais, ora empregados como pisos, ora como revestimento de paredes, confere uma nova luz à interpretação dos planos cartesianos mais básicos. O que era para se pisar pode ser tocado com as mãos, ou vice e versa.
A arquitetura desta casa carrega uma série de simbolismos antagônicos – solidez, leveza, aconchego, modernidade, calor, frescor – e complementares para encurtar a distância entre os nossos sonhos e realizações, um antídoto para a monotonia das casas tradicionais.