No início da década de 1960, a Prefeitura do Município de Santos, litoral de São Paulo, decidiu construir a primeira escola profissionalizante da cidade destinada ao ensino técnico de comércio, preparando assim os alunos para as atividades administrativas portuárias e do setor de serviços urbanos.
O sítio onde se implanta a Escola Técnica de Comércio, no centro da cidade de Santos, constituía uma área de uso misto cujo grau de deterioramento indicava uma urgente intervenção para sua renovação urbana.
A oportunidade da construção do edifício da escola técnica trazia como programa setorial urbano uma proposta de um campus escolar cuja implantação iria deflagrar o início do processo de renovação urbana.
Sendo assim, propus uma estrutura espacial aérea, que se superpusesse à existente, imprimindo a nova configuração urbanística desejada.
A presença do lençol freático com pouca profundidade sugeriu a criação de um embasamento para abrigar as necessidades complementares do programa escolar como administração, auditório, vestiários, sanitários, grêmio e utilidades.
A cobertura desse embasamento constitui o pátio descoberto da escola em cota elevada (+ 2.00 m) com relação à rua e totalmente livre para o uso recreativo dos alunos.
Esses pátios interligados por passarelas de pedestres formam em seu conjunto, os espaços abertos de convívio da nova estrutura do campus, proposto, de modo a separar naturalmente, pedestres e veículos em dois níveis diferentes.
Esse conceito permite que ao sistema espacial aberto possa ser acrescentado uma nova volumetria, transformando com o somatório das soluções particulares, todo o conjunto urbano desse setor da cidade de Santos.
Sobre essa esplanada elevada, desenha-se o bloco da escola dotado de singular proposta arquitetônica.
A leitura de sua arquitetura revela o desenho como resultado da intenção de domínio e transformação da natureza adversa da região, que apresenta excessiva luminosidade atmosférica e elevadas temperaturas, com o emprego de tecnologia adequada à nossa cultura e bastante apropriada à sua prática construtiva.
A captação da luz solar zenital por planos de reflexão e tubos condutores de luz, transforma a luminosidade excessiva exterior em luz difusa interior, própria para o ensino e a leitura. Ao mesmo tempo em que a luz exterior é captada, formam-se elementos de tiragem do ar, provocando uma aeração permanente e equilibrando a temperatura ambiente.
A síntese arquitetural, resultado da estrutura aporticada, travada pelas lajes de piso e cobertura e o desenho das superfícies de concreto dos vedos, tubos e planos de reflexão da luz, expressa uma surpreendente volumetria que com o contraponto das linhas diagonais imprime à sua arquitetura a vigorosa expressão plástica desejada cuja presença constitui um novo marco na paisagem da cidade de Santos.