O cemitério construído por Aldo Rossi é uma rota analógica através de todas as imagens da “casa dos mortos”. O arquiteto acreditava na representação de tipologias, traduções do passado, que eram teorias básicas argumentadas em seu livro “A Arquitetura da Cidade”, de 1966.
Em 1972, a partir de idéias de cemitérios do século XIX, elaborou com Gianni Braghieri o projeto que seria o vencedor de um concurso para a ampliação do cemitério de San Cataldo, em Módena na Itália.
O projeto foi reformulado em 1976, antes do início da construção, em 1978. No entanto, apenas uma parte do conjunto de edifícios foi concluída, seguindo as intenções iniciais do arquiteto.
Um fato importante ocorreu antes da construção do cemitério: Rossi sofreu um acidente de carro e ficou hospitalizado por algum tempo. Durante esse período, começou a teorizar sobre a estrutura de seu corpo como sendo uma série de fraturas que tiveram que ser colocadas juntas novamente.
Isso se traduziu numa frase sua: “a questão do fragmento na arquitetura é muito importante, pois pode ser que somente as ruínas expressem um fato completamente… Estou pensando numa unidade, ou num sistema, feito unicamente através de fragmentos reagrupados.”
Rossi utiliza uma parede delimitadora para definir um eixo e quebrar o retângulo numa série de zonas. O cubo ossuário de Rossi é um comentário sobre o cemitério como uma casa dos mortos.
O cemitério de San Cataldo é apenas uma casca com aberturas. Uma arquitetura metafísica, como a pintura metafísica de Giorgio de Chirico, onde o visitante é inevitavelmente confrontado com a idéia da morte, onde a verdade é constante e irrevogável.