O projeto do novo Museu da Semana Santa foi vencedor de um concurso de ideias realizado pela Prefeitura de Hellín. As bases do concurso contemplavam tanto a reabilitação e utilização do espaço da Casa do Conde, como a construção de uma nova zona na parte do solário, liberada depois do desaparecimento das dependências auxiliares da Casa, que não em ruinas.
Na proposta apresentada ao concurso se contemplava a reabilitação integral da Casa do Conde como parte do novo Museu. A intenção era dar uma importante presença ao museu, incorporando a fachada posterior como fachada interior do espaço principal de exposição. O pátio interior desse espaço foi considerado também um elemento singular que relacionava o edifício antigo e do novo, dando-lhe o uso de exposição e estabelecendo uma relação contínua entre ambos. O pavimento superior foi destinado, principalmente, a escritórios do museu e gabinetes de confrarias e de fraternidades, e o segundo andar à biblioteca e midiateca.
No entanto, na hora de desenvolver o projeto, e depois de realizar uma inspeção mais minuciosa do imóvel, foi constatado que não era viável a conservação integral da Casa, e por isso decidiu-se concentrar os esforços na consolidação e reabilitação das duas fachadas policromadas e em recuperar aqueles elementos valiosos, como as grades ou as colunas, para sua incorporação e valor no novo edifício.
Desta maneira, a fachada que se conserva, uma vez eliminado o resto da Casa, deixa de desempenhar um papel estritamente funcional como elemento construtivo e converte-se em uma tela, um plano decorado que passa a ser um objeto a mais da coleção de exposição do museu. Um objeto, mas que tem um papel importante na relação do edifício com o entorno, com a igreja de Asunción e a praça adjacente, e com a história e a tradição coletiva da cidade.
A solução geral adota como ponto de partida a conservação da memória da volumetria da Casa do Conde como primeiro mecanismo para a adequação à escala do entorno. A nova construção se afasta, criando um espaço-praça urbana vinculado à entrada e saída de visitantes. Deste modo o conjunto Reablitação-Nova obra responde, simultaneamente, a uma dupla escala, a próxima da Rua San Jerónimo, e a distante da Praça da igreja.
Em seu conjunto o edifício é configurado como um volume escalonado, reconhecendo as rasantes pronunciadas do solário em seu eixo norte-sul, aparecendo em todo momento como um edifício com caráter institucional (materiais nobres, conformação de fachadas…), mas com a escala da trama em que está inserido.
Como ultimo mecanismo da resposta aos critérios de adequação ao entorno e de caráter representativo da edificação, aparece o revestimento de um aplacado de pedra das pedreiras locais, criando assim um eco com as cadeiras da igreja, marcando a representatividade da mesma, e obtendo uma escala cromática semelhante aos tons dominantes do centro histórico.
Quanto à obra nova, um volume de concreto esculpido pela luz envolve um percurso sinuoso entre as imagens da Semana Santa. Estes estão colocados sobre grandes pedestais de madeira que por sua vez organizam o espaço e alojam algumas vitrines. Desta forma, inversamente ao que acontece nas ruas, é o espectador que faz a procissão entre as imagens, que permanecem estáticas, e que vai descobrindo-as de diferentes perspectivas.
- Cliente: Ministerio de Fomento / Ayuntamiento de Hellín
- Custo: 3.512.235 euros
- Memorial: Cortesia EXIT Architects