O Cemitério Municipal de Sendim tem uma zona de expansão a nascente que permite a sua ampliação conforme solução do projecto, prevendo a criação de duas plataformas distintas mas complementares.
A primeira reforça a ampliação do cemitério, respeitando a continuidade da malha do cemitério existente reforçada nos percursos pedonais. A sustentabilidade do espaço cemiterial é garantida na solução dos nichos de decomposição aeróbia.
Na segunda plataforma o projecto prevê um complexo funerário, o primeiro Tanatório a ser implantado em Portugal, um espaço ecuménico preparado para receber rituais de todos os cultos e que se pretende ser um novo elemento na cidade.
1 – Implantação
O tanatório de Matosinhos será construído paralelo à Rua de Sendim, em terreno limitado a Norte pela rua Dr. José da Silva, a Nascente por um caminho pedonal, a Sul pela Rua de Sendim e a Poente pelo Cemitério de Sendim, em terreno autónomo a este. O terreno disponível tem cerca de 8.789 m2 e a área de implantação do edifício – Tanatório – é de 1515 m2.
2 – Programa
O tanatório responde em pormenor a um programa preliminar nas diversas funções que lhe estão inerentes. Distribui-se por três blocos ligados entre si por uma galeria/ nave principal, designados nomeadamente por Bloco A onde se localizam os Serviços Administrativos e Serviços de Apoio: Cafetaria e respectiva zona de serviços e Florista; no Bloco B, Ante-Câmaras e Capelas de Velório (3 capelas) Capela dos Sentidos, Capela da Memória e Capela do Infinito) apoiadas por uma Sala de Tanatopraxia e Sala de Repouso / Sala de Apoio Psicológico; no Bloco C – Sala de Estar/ Espera, Sala de Entrega de Cinzas (Sala do Renascer) e Sala de Despedida com capacidade para 120 pessoas e uma galeria no piso superior que se destina às várias fases do processo de cremação enriquecendo a capacidade de uso da mesma, um espaço que se pretende polivalente.
A sala da despedida tem uma relação importante com o mar, linha do horizonte e céu através de um vão de vidro que permite a sua leitura. A urna desloca-se através desse mesmo eixo, desaparecendo nessa “linha do horizonte” e desce posteriormente ao piso técnico numa plataforma hidráulica, solução estudada de forma a não ser visualizada pelas pessoas.
No piso inferior localiza-se a parte técnica de apoio à cremação – Forno Crematório, máquina de introdução de urnas, Pulverizador e cabine de tratamento das cinzas. Localiza-se ainda uma sala de Refrigeração, sala de etiquetagem/ pantógrafo – fornecimento da taxa de identificação da urna e vestiários /instalações sanitárias de apoio aos funcionários.
No espaço envolvente os elementos verdes são predominantes, uma extensão linha de verde de bambus reafirmam o eixo da galeria principal, além de percursos e locais de estadia aprazíveis.
Este edifício foi projectado tendo em consideração a satisfação das exigências de conforto térmico nomeadamente necessidades de aquecimento, arrefecimento e ventilação sem dispêndio excessivo de energia. Relativamente às necessidades de aquecimento das águas quentes sanitárias e seguindo o mesmo principio foi considerado a instalação de colectores solares devidamente dimensionados para a instalação em causa.
3 – Relacionamento com o Existente
A intervenção insere-se numa mancha urbana não consolidada e a solução proposta confere à galeria central o papel de pólo aglutinador e de ligação com os restantes corpos, cabendo aos três corpos de ligação a aproximação à escala existente. Tende a garantir o seu equilibrado enquadramento enquanto Edifício Público, parte constituinte da paisagem urbana.
A solução define um eixo que potencia a unidade do conjunto pela disposição dos seus elementos e, pelo seu desenho e contorno, desenvolve perspectivas de percurso e escalas de uso do espaço colectivo, criando assim a diversidade e a riqueza do lugar na relação com as zonas verdes propostas.
4 – Jardim da Memória / Columbário
Os principais objectivos do Jardim centram-se na obtenção de um espaço depurado e de desenho minimalista que contribui para enquadrar, valorizar e enriquecer a experiência sensorial da envolvente imediata ao Tanatório. Resulta da inspiração ou experiência do ambiente perceptível que nos rodeia, da paisagem e da fabulação de um lugar virtual perfeito, o Paraíso.
O projecto considera a íntima relação do jardim ao edifício tirando partido das vistas sobre a paisagem envolvente. Tal como a sala da despedida do edifício, o jardim tem uma relação importante com o mar, linha do horizonte e céu que permite a sua leitura.
Pretende-se que o Jardim da Memória seja simultaneamente simbólico e espiritual. É um lugar de meditação e de reencontro que se traduz numa alegoria ao ciclo da vida, onde se encontra representado o Nascimento, a Maturidade e a Morte através de uma sequência de circunferências suavemente modeladas e organizadas em tamanho e altura consoante a evolução desse ciclo. Por entre as circunferências dispersas na gravilha surge uma forma ondulante suavemente modelada, em relvado, simbolizando o percurso sinuoso e difícil da vida, formando uma união de todos os elementos presentes, culminando num reencontro com a paz.
No apoio ao processo da cremação/ Crematório, a urna com as cinzas é entregue na respectiva sala e daí conduzida para o Jardim da Memória. As cinzas poderão ser depositadas na terra, na zona arbóreo- arbustiva que se encontra no círculo relvado que designa a morte, directamente ou dentro de uma urna biodegradável.
Esta área relvada será enquadrada por um maciço de Magnóleas de flor branca pontuada por Ciprestes, considerada como a árvore do paraíso, sendo uma das principais simbologias, a sua ligação à imortalidade. Ainda nesse local propõem-se plantações em mancha compostas por Pittosporum tobira “Nana”, formando bordaduras de folhagens intensas, resultando numa dinâmica sazonal contribuindo para o aumento da diversidade cromática, de grande interesse sensorial.
No apoio ao processo da cremação/ Crematório, a urna com as cinzas é entregue na respectiva sala do Renasncer e daí conduzida para o Jardim da Memória ou para um Cendrário. O Columbário é um conjunto de compartimentos – Cendrários, semelhantes aos dos ossários para depósito de urnas.
5 – Acessos
O acesso à plataforma de implantação deste complexo é feito a sul, pela Rua de Sendim por um percurso pedonal, perpendicular à mesma e que reafirma o eixo da galeria principal por um percurso/ rampa de acesso ao parque de estacionamento com capacidade de 83 lugares e acesso aos serviços existentes no piso técnico.