A residência, que se encontra na esquina de um condomínio horizontal, busca sua intimidade olhando para dentro. O entorno pouco interessante, árido e altamente construído sugere não ser visto de frente senão com sutis perspectivas diagonais. Os clientes, duas pessoas adultas, solicitava um projeto de apenas uma planta, evitando desníveis.
A fronteira com as casas vizinhas de mais de um nível, foi um desafio pela convivência com elevações discordantes, pelo qual, se tomou a decisão de incluir pé-direto duplo nas áreas diárias. Isto não apenas integra a casa ao seu entorno, como ao mesmo tempo oferece uma sugestiva sensação de amplitude na composição interna da casa.
O programa é simples: uma habitação principal, estúdio, áreas diárias, serviços e um quarto de visitas. O esquema em planta recorda as casas binucleares de Marcel Breuer, dois compartimentos ligados pelas circulações que se orientam no sentido norte-sul. No sentido estrito duma delas se organizam as áreas de serviço e áreas diárias (visitas), enquanto no outro estão os quartos e áreas de estudo (privado).
Os dois núcleos estão contidos por uma parede tectônica e descontínua sobre a qual estão os ambientes de pé-direito duplo, a faixa branca é mostrada como uma base gerando um pátio tanto para as áreas diárias como as privadas e manifestando um gesto de contradição entre uma base moderna e tectônica, contra o peso dos corpos sólidos e contínuos que alcançam o nível dos vizinhos e arrematam a estrutura. Estes são feitos de um material orgânico, criado à base de areia do rio, argamassa e rebarba de aço oxidado.
O passeio pelas luzes zenitais oferece espaços iluminados, que não necessitam de aberturas para o exterior, permitindo que a casa dirija a vista para seus pátios. A residência é um recinto que contém espaços contínuos que podem ser privados se for o desejado ou que podem ser compartilhados com um toque de intimidade.