O primeiro prémio do Concurso Público de Concepção para a Elaboração do Projecto do Centro de Artes do Carnaval promovido pela Câmara Municipal de Torres Vedras foi atribuído ao arquitecto José Neves.
“(…) O Júri considerou que o trabalho apresentado organiza de forma exemplar os espaços de uso público, possibilitando um precurso de visita lógico, articulado e consequente.
(…) a proposta propõe a construção de uma ideia unificadora para o local a partir de um equilíbrio entre a integração do programa e das contingências do local, uma abordagem inovadora ao edifício do Matadouro e uma interpretação pertinente da linguagem urbana existente e consequente formulação de uma linguagem arquitectónica regeneradora do local.”
in Relatório do Júri
Situado junto a uma das vias de entrada em Torres Vedras, à ilharga do seu centro histórico, o sítio proposto para o Centro de Artes do Carnaval é marcado por dois elementos singulares: por um lado, o antigo Matadouro Municipal que, ao ser desactivado, deixou de trazer vitalidade urbana ao pequeno e fragmentado bairro que o envolve e guarda unicamente a sua qualidade iconográfica, por outro lado, a cratera de uma pedreira abandonada. Esta cratera é constituída por uma extensa plataforma, actualmente inacessível, e uma escarpa, cuja dimensão e matéria – a pedra – conferem a todo o espaço um carácter onírico.
O edifício principal do antigo Matadouro, no qual se organizam os espaços do Centro de Artes mais directamente relacionados com o exterior – o átrio, o auditório, o centro de documentação e a sala de exposições temporárias –, é reabilitado. Um novo corpo, suspenso sobre este edifício e a ele verticalmente ligado a partir da sua charola original, acolhe a exposição permanente que, pontuada por uma sequência de vistas enquadradas para o exterior e para a cidade, se estende até ao espaço exterior esculpido pela pedreira. O corpo que contém as reservas do Museu prolonga-se até tocar na própria escarpa através de uma superfície pétrea que dela parece nascer. Esta superfície, cuja génese formal – uma elipse – resulta da geometria que a cratera sugere, configura com a escarpa os limites de uma Praça sobre a plataforma existente. A esplanada coberta do bar do museu e a frente contínua dos grandes vãos das oficinas de animação artística asseguram a vida cívica desta nova Praça pública que, a pretexto da construção do Centro de Artes do Carnaval, se oferece ao pequeno bairro e à cidade.
- Arquitectura: José Neves
- Colaboração: Rui Sousa Pinto, André Matos, Fernando Freire, Sara Brandão, Vitor Quaresma
- Sinalética: João Paulo Martins
- Arquitectura Paisagista: Victor Beiramar Diniz (JLCG)
- Engenharias: BETAR; SM&LM; Natural Works
- Promotor: Câmara Municipal de Torres Vedras
- Local: Torres Vedras, Portugal
- Data do projeto: 2011