Nos comunicamos através do espaço. Quando construímos nossa arquitetura projetamos os espaços tendo em vista como estes vão influir nos futuros moradores.
Gostamos dos espaços abstratos, são espaços sem referências a outros já conhecidos. Eles obrigam ao individuo experimentá-los de um modo consciente, devido a essa ausência referencias já experimentadas e apreendidas dentro de nossos códigos mentais.
Os espaços abstratos requerem a inter-relação do indivíduo, e este tem que se definir claramente frente a eles. Muitas pessoas sentem muita insegurança nesses espaços graças à falta de referências, mas outras se deleitam com as fortes sensações transmitidas pelo lugar.
Estes espaços convidam à meditação, pois te fazem se sentir parte do que te rodeia. A casa começa a tomar forma como uma tentativa de despejar todo o seu desenvolvimento em um espaço no qual o exterior não penetre diretamente. A ausência de janelas é o maior exemplo dessa intenção. Dois grandes pátios interiores dão ventilação a todo o conjunto. Tentamos criar uma habitação que passará despercebida, que não altere seu espaço circundante. Com essa premissa do projeto e a sensibilidade em relação ao meio natural é concebido um projeto em um só nível e com uma funcionalidade claramente diferenciada.
Cria-se um espaço interior que se soma aos dois pátios, buscando assim uma proximidade com a arquitetura árabe. A entrada tangencial evita às vistas diretas, que não acontecem em nenhum ponto da casa, rompendo assim com qualquer eixo que possa proporcionar uma imagem do conjunto. A construção ainda é enterrada, buscando as melhores condições tanto térmicas como de controle, em um entorno no qual as temperaturas são extremas. O teto jardim faz o projeto se inserir no entorno de uma forma delicada e aproveitando-se da prolongação do pasto. Pode-se dizer que a casa é concebida como um espaço íntimo que se soma ao espaço natural.*