A família é, aqui, a unidade da arquitectura. Os seus hábitos, as suas rotinas e as suas práticas ditaram as proporções, as relações e as utilizações dos espaços da habitação unifamiliar. Inserida em lote urbano estreito mas extenso, rodeado de árvores patrimonial e culturalmente importantes, assume-se e opta-se por um recolhimento que nega o quotidiano da cidade.
O volume é implantado pelos alinhamentos e afastamentos regulamentares legais e modelado pelas perspectivas marcadas pela torre da Igreja das Antas. Resulta um contributo para a estabilidade da rua, ladeada e completada pelas habitações unifamiliares somadas ao longo do século XX.
Formalmente, o volume é denso, espesso. Olha discretamente para a rua a sudeste e descaradamente para o pátio a noroeste. Um pátio dominado pela piscina, entre as duas salas – a do norte e a do sul, respectivamente, a sazonal e a anual.
A organização geral do espaço revela uma racionalmente e funcionalidade ditada pela centralidade dos acessos verticais que condicionam as localizações, relações e aproximações aos espaços, participando, animando e articulando as três plantas. A inferior, para usos diversos – garagem -, a central, para os espaços sociais – sala e cozinha -, e a superior, para os espaços individuais – quartos.
Resulta um habitar confortável e estável que origina e proporciona quotidianos pessoais e especiais contaminados pela identidade e personalidade dos que o habitam.