Encaramos o projeto como a busca de um protótipo de habitação social apresentando uma sequência de cheios e vazios em concordância com os exemplos da arquitetura doméstica tradicional na Andaluzia.
Quanto às características morfológicas da arquitetura popular de Umbrete, a grande maioria das edificações são unifamiliares, sem recuos laterais, de fachadas contínuas, de formas cubicas e terrenos profundos, nos quais as zonas abertas têm tanta importância como os espaços construídos. Este tipo de arquitetura popular mantem sempre a escala humana desenvolvendo o programa doméstico em dois níveis: o térreo, destinado propriamente à habitação, e o superior para o terraço, armazém, galpão…
Propõe-se ocupar a superfície disponível com uma serie de volumes, cheios e vazios, que se relacionam entre si, conformando e ocupando a totalidade do terreno. Pretendeu-se, desde o princípio, buscar no conjunto uma imagem de unidade, quase como um único bloco, e não o entendendo como uma soma de uma habitação colada à outra. Com uma largura de seis metros (o mais habitual para este tipo de habitação social na Andaluzia) é proposta uma habitação onde quase todo o programa doméstico volta-se para o interior de cada propriedade, como acontece nos projeto de habitação coletiva na região.
Foi estudado um tipo de residência tipo (A), que se repete até chegar aos limites do terreno, onde, nas esquinas, usam-se outros tipos adaptados às formas do terreno (tipos B, C e D).
O acesso às habitações se dá na rua através de um espaço coberto, como um corredor, que conduz a um primeiro pátio protegido do sol por um toldo, onde se encontra a entrada ao interior e à sala. Esta separa e delimita um segundo pátio mais privado e interior, o pátio do limoeiro. Estes pátios são propostos como a natural expansão do exterior ao íntimo da casa, outra configuração andaluza tradicional.
Essa sucessão de espaços, que se justapõem e ocultam uns aos outros, é proposta também para o interior da casa. A sala de jantar é configurada como a peça principal da residência, vertebrando não só os espaços interiores, mas também os exteriores, com todos girando ao seu redor. O pé direito duplo dessa sala e a escada comunicam e relacionam todas as estâncias da casa.
No nível superior, o terraço situado entre os dois pátios permite a criação de uma zona de expansão, onde um solário ou um possível novo dormitório estarão sempre ocultos da visão exterior, e sem a necessidade de alterar o aspecto da habitação na rua.
A iluminação e ventilação da sala acontecem, principalmente, através do pátio do fundo da casa, o pátio do limoeiro; adicionalmente, também se abre o primeiro pátio de entrada, favorecendo a ventilação cruzada e as vistas veladas da rua (como uma peneira).
Essas sucessões de espaços vazios e cheios, interiores e exteriores, que rodeiam, e ao mesmo tempo, são rodeados, permitem jogar com os volumes, as luzes e as sombras que deslizam nas paredes.
O espaço aberto e coberto na entrada oferece a possibilidade, entre outras, de estacionar um veículo. A sala goza de uma dupla orientação, abrindo sempre um de seus lados ao sul, e de uma ventilação cruzada favorecida pela disposição dos pátios.
O projeto das habitações atendeu, em todo o momento, a maior racionalidade e economia construtiva, de maneira que garantisse a qualidade e a adequação dos custos aos padrões econômicos. Foi escolhida uma estrutura de pórticos de concreto armado e forjado unidirecionalmente sobre cimentação de soleira de concreto armado, considerando esta solução a mais econômica para este tipo de habitação.
Informação Complementar:
- Estruturas : Edartec Consultores
- Instalações: Dimarq
- Assessoria Técnica (EPSA): Antonio Sanromán
- Arquitetos Técnicos: Eduardo Vázquez, Javier Perales, María Del Carmen Ruiz
- Construtora: Sanrocon
- Clientes: EPSA (Empresa Pública do Solo da Andaluzia), Conselho de Habitação e Planejamento do Território da Junta da Andaluzia
- Custo: 1.951.276 €