Valorizar o passado, problematizar o presente, construir o futuro.
Proposta conceitual para revitalização do mercado do cruzeiro.
O Mercado do Cruzeiro constitui-se em um importante patrimônio para a cidade como último exemplar dos mercados distritais implantados em Belo Horizonte nos anos 70 e como lugar público de referência para a população da região centro-sul.
O reconhecimento de deficiências e problemas de sua atual conformação orienta as propostas de intervenção, a saber:
a) a pequena escala do comércio, de que decorre a falta de sustentabilidade do conjunto atual, sugere a ampliação da área bruta locável e revitalização do Mercado propriamente dito, assegurando a preservação de seus principais atributos materiais – a grande estrutura – e imateriais – o comércio diversificado característico dos mercados, em oposição à uniformidade dos shopping-centers. Essa ampliação se dá através da criação de lojas-âncora em subsolo, com a escavação parcial sob o próprio mercado preservando integralmente suas estruturas, e pela ocupação dos mezanino sobre as lojas, a serem ocupados com restaurantes e bares, ampliando a atração de público em horários diversificados aos do comércio de feira existente;
b) o entorno adensado e impactado, em especial pela demanda de estacionamento, permite considerar a utilização de potenciais subsolos sob suas áreas livres para ampliar a oferta de vagas, o que tende, por um lado, a minimizar impactos existentes no entorno e, por outro lado, a ampliar a vitalidade pela atração da presença humana no conjunto. Contribuirá ainda para a viabilidade econômica da intervenção através da exploração comercial dos estacionamentos, que pode ser dada em concessão associada à contrapartida da revitalização;
c) a desproporção entre o potencial construtivo da área e a sua atual utilização apresenta uma subutilização do terreno localizado em região de alto valor. Propõe-se reverter essa situação através da inclusão no complexo de uma torre para exploração comercial, preferencialmente para empreendimento hoteleiro integrado à praça principal do Mercado, com operação independente.
Implantada no recuo do Mercado, preserva suas principais visadas, reorganiza a confusa paisagem da encosta ao fundo, e contribui para a viabilidade econômica da intervenção e do funcionamento futuro do complexo, ao ampliar a presença humana no lugar. Por outro lado, a própria existência do Mercado, revitalizado, constituirá um atrativo para o empreendimento hoteleiro durante e após os eventos de 2014, em uma desejável simbiose;
d) a implantação do Mercado em um único platô na encosta, lindeira a vias de alta declividade, compromete a acessibilidade ao local, que é restrita ao automóvel, o que poderia ser equacionado pela implantação de elevadores de uso público, integrando tanto as infraestruturas do próprio complexo – estacionamentos, Mercado, Praça, Hotel – como todo o entorno – a praça e o bairro, abaixo; a Universidade FUMEC, potencial usuária do estacionamento; o Parque Amilcar Vianna Martins e a Avenida Afonso Pena, acima, como continuidades naturais do espaço público do Mercado;
e) o isolamento do Mercado e a falta de áreas públicas para uso de pedestres e da população residente no entorno, decorrente da utilização de seus afastamentos como estacionamentos, poderiam ser revertidos pela conformação de praça e parque, com equipamentos de lazer e esporte, após a transferência e ampliação dos estacionamentos para o subsolo.
Por fim, esta proposta representa uma oportunidade de viabilizar plenamente o potencial de articulação do território, não plenamente realizado, através da criação de infraestruturas que reforcem o uso público de seus espaços, mitiguem impactos e qualifiquem o entorno, ampliando, requalificando e assegurando um novo e virtuoso ciclo de vida para sua principal estrutura ambiental e seu principal patrimônio: o Mercado.