“La Liberté”, habitação social e edifício de escritórios, foi realizada com a colaboração constante entre o cliente, o arquiteto e a cidade de Groningen.
O projeto é um símbolo forte da renovação urbana e do desenvolvimento social da cidade. Sinal novo na paisagem, “La Liberté teve um sucesso imediato: todos os apartamentos já estão alugados.
Groningen, uma cidade nova, colocada entre as 10 cidades mais importantes da Holanda, tem sido desenvolvida desde 2004 uma campanha de habitação chamada “The Intense City”. Evitando a suburnanização, protegendo as áreas rurais e garantindo a qualidade dos espaços urbanos, a prefeitura deseja manter a cidade compacta e viva.
Já reforçada por essa nova visão urbana para Groningen, a cidade lançou depois a iniciativa “ Ring Zuid Groningen”, para desenvolver mais particularmente os bairros alinhados com a rodovia principal do país, Weg der Verenidge Naties, localizada ao sul de Groningen.
Essa nova estratégia, encorajada pelo ministro de transportes, a província da cidade de Groningen, é uma questão importante na renovação social e urbana da cidade, mas também na área ambiental. Primeiro de tudo, esta rodovia, atuando como verdadeira fronteira urbana, será gradualmente entrincheirada e “dividida” a fim de melhorar e intensificar as circulações urbanas e ligações.
Ao redor da rodovia, a cidade recomendou arranha céus visando criar e preservar espaços verdes ao pé das construções. A preservação desses espaços verdes e suas conexões permitirão alamedas ecológicas, abrindo para todos e garantindo uma nova biodiversidade.
Em paralelo, a cidade começou a trabalhar com diferentes promotores imobiliários para a realização de edifícios de escritórios e/ ou habitação social e nomear arquitetos internacionais. Diversos projetos estão sob construção e em particular alguns escritórios do UN Studio e algumas habitações do Mecanoo.
Então, a companhia Christelijke Woningstichting Patrimonium encomendou em 2007 a Dominique Perrault a construção de dois edifícios de uso misto, habitação social e escritórios para alugar, no sudoeste da cidade.
Localizado nos arredores de Groningen, o lote está rodeado por blocos de habitações sociais típicas do pós guerra . Dominique Perrault se aproveitará do contexto urbano para criar os volumes de “La Libertè”. Como o pedido foi que se construísse um edifício alto, o arquiteto se aproveita dessa horizontalidade para criar volumes crescentes.
O projeto compreende a construção de dois edifícios de planta quadrada: uma torre de aproximadamente 80 metros (torre A), e outro de 40 metros de altura (torre B)
Os edifícios ambos são feitos de uma plataforma, inteiramente em vidro, independente, com a mesma altura (R+2) e acomodam os escritórios. Como eles não são mais altos do que os blocos próximos, as plataformas respeitam e ampliam sua horizontalidade.
Então, dois blocos, com diferentes alturas, parecem estar flutuando acima das plataformas e acomodam as habitações. Aqui o arquiteto brinca com os volumes: na verdade a torre A é composta por dois blocos de habitações em proporções equivalentes e levemente deslocados. Parece que o arquiteto empilhou diferentes volumes, uns nos outros: um volume de escritórios e um volume de habitações para a torre B, um volume de escritórios e dois volumes deslocados de habitação para a torre A.
Os blocos de habitação estão pendurados acima dos escritórios graças à um terraço de 5 metros de altura. Nesse “espaço intermediário”, apenas um núcleo, abrigando os espaços comuns, trás uma transposição fácil entre os espaços privados e os escritórios. Finalmente, uma passarela, localizada no mesmo nível e aberta aos usuários, conecta ambas as torres.
Através do tratamento das fachadas, Dominique Perrault cria um diálogo real entre os dois edifícios e entre o projeto e o seu ambiente urbano. Qualquer que seja o ponto de vista, as fachadas dos três blocos de habitação nunca oferecem o mesmo tratamento de cores – preto, cinza e brancos. Esses tons de cor reforçam a impressão de empilhamento e energiza o horizonte da cidade.
Além disso alguns painéis de aço polido são posicionados perpendicularmente às fachadas, que pontuam as fachadas e multiplicam as percepções do edifício. Dominique Perrault entrega aqui habitação social de qualidade, oferecendo dimensões e espaços substanciais. Cada nível tem 5 apartamentos; todos os apartamentos possuem 3 quartos e uma ampla área de superfície média.
A lei holandesa impõe uma fachada totalmente cega para os apartamentos voltados para a rodovia. Esta habitação não pode ter nenhuma janela que se abra e não há nenhuma ventilação. Dominique Perrault joga com essa imposição articulando esses apartamentos ao redor de galerias internas de vidro. Essas galerias, totalmente móveis e equipadas com filtros sofisticados, funciona como uma proteção de verdade contra poluição sonora.
Finalmente os painéis de aço polido, configuram o nível das galerias, capturam luz natural e a refletem em direção dos apartamentos. Estes espelhos também oferecem aos residentes uma visão exterior alternativa.
“La Liberté” conta com 120 apartamentos, divididos em 15 tipos diferentes com aproximadamente 40 variações.
Assim, a construção alta permite espaços livres na parte inferior dos edifícios. Ao norte do edifício, e para responder à ordem, Dominique Perrault posiciona o jardim ecológico projetado para desenvolver a flora e a fauna local. Aberto a todos, ele será integrado à maneira ecológica da cidade. Um jardim “meditativo” será criado ao sul dos edifícios. Será um espaço oferecido e aberto a todos.
Dominique Perrault introduz aqui muitos níveis de diálogo: entre o projeto e seu ambiente urbano; entre as duas torres e seu tratamento arquitetônico; entre os espaços públicos e os privados através de transições fáceis permitindo a troca entre residentes e as pessoas trabalhando nos escritórios.
Dominique Perrault realiza um edifício aberto para a cidade: através dessa manipulação artística de diferenças em escala, esses edifícios foram projetados para se tornar um novo marco, criando uma nova paisagem urbana.
Informação Complementar:
- Cliente: Christelijke Woningstichting Patrimonium
- Fotografias: Jim Ernst, Mark Sekuur / Prima Focus