As propriedades 26 e 27 na Castlewood Avenue datam do início do século XIX e, desde então, sofreram pequenas alterações externamente. Ambas propriedades foram originalmente construídas como casas geminadas e em lotes maiores do que o normal (17m ao invés de 11m), resultando em sua dupla fachada da frente e na organização da planta em três partes. O espaço para os lados de ambas as propriedades foi preenchido pelo estilo pastiche nos últimos anos. Ambas as propriedades estavam em estado de abandono no momento em que fomos chamados pelo cliente para supervisionar sua reconstrução. As propriedades eram anteriormente subdivididas em flats (8 em cada) e foi a intenção de nossos clientes reunir ambas as propriedades em uma ocupação única.
As configurações originais das propriedades foram removidas pelos donos das construções anteriores e substituídas por um arranjo aleatório de acomodações indescritíveis. No momento de análise do projeto, percebeu-se que havia espaço para introdução de uma “nova” arquitetura ao fundo de ambas as propriedades, respeitando suas características históricas.
O conceito por trás da substituição dos dois espaços foi analisar a função de suas estruturas do fundo de ambas as habitações de forma visual e programática. Procurou-se, então, estabelecer dois novos edifícios a serem considerados por si mesmos, realizando uma ligação significativa entre o passado e o presente.
Ambas as propriedades foram totalmente restauradas, interna e externamente, voltando às suas características originais com acomodações que compreendem quatro quartos (um deles uma suíte) e um banheiro no primeiro pavimento. As salas de estar e jantar estão dispostas no nível térreo, onde está a entrada principal. Já a cozinha, sala de jantar e estar em planta livre e o quarto dos funcionários estão localizados no nível térreo mais baixo.
Os novos ambientes de ambas as propriedades contém as seguintes acomodações: sala de estudos no nível superior (acima do primeiro pavimento), banheiro no nível intermediário e corredor de acesso no nível inferior. A sala de estudos tem caráter dramático, com telhado de uma água que funciona como “coletor” de luz voltado para sul. As vistas a partir deste ambiente são voltadas para as montanhas de Dublin, proporcionando um espaço de inspiração. Este ambiente absorve grandes volumes de luz que iluminam as áreas de circulação abaixo.
A estrutura destes espaços é realizada com uma estrutura metálica vertical com vigas de madeira. As estruturas se sustentam de forma autônoma e estão sobre fundações independentes no fundo de ambas as propriedades e, no nível mais alto, não estão estruturalmente conectadas à malha existente. Cada espaço é sustentado por uma estrutura em ponte no nível superior do jardim. As qualidades independentes de cada estrutura foram vistas como favoráveis em um planejamento de conservação em que ambas as estruturas pudessem ser removidas sem causar grandes implicações à malha estrutural das casas originais.
Os jardins dos fundos das casas são divididos em dois níveis para acomodar a organização das casas em níveis superior e térreo inferior. Novas áreas externas pavimentadas foram projetadas no nível térreo como extensões das acomodações internas. Acessos a estes jardins a partir do nível superior ocorrem por meio de uma nova passarela em concreto no meio de cada jardim.
O conceito original de projeto era para um par de edifícios de forma marcante, no intuito de criar uma nova definição aos fundos, anteriormente discretos, de ambas as propriedades. Isto foi alcançado de diversas maneiras diferentes, incluindo o uso de uma palheta simples de materiais com painéis de fibrocimento (de cor de carvão) e amplas seções de vidro.
Placas de vidro laminado leitoso que ocupam todo o pé direito foram introduzidas nos banheiros do nível intermediário por questões de privacidade. Outras influências no projeto e na orientação do edifício, em parte, são resultados diretos do terreno peculiar, questões estruturais, planejamento um pouco dispendioso e restrições de conservação.
Ambas as propriedades são equipadas com aquecimento geotérmico (subsolo) e sistemas de troca de calor solar. Todos os tubos de queda que lidam com águas sujas e superficiais foram internalizados em um núcleo central de instalações, garantindo elevações mais limpas e minimizando as interrupções na forma dos edifícios.
Estas formas habitadas, à primeira vista, criam um sentimento de admiração e curiosidade, não apenas por suas formas esculturais, mas também pelo cenário em quem elas existem.