Contexto
O novo campus de Jansen está situado no município de Oberriet, no vale Rhine, uma das áreas mais industrializadas da Suíça. A empresa é atualmente gerida por uma equipe jovem e dinâmica e, embora exista há quase cem anos, os últimos dez anos foram um período uma rápida expansão peculiar em meio aos mercados imobiliários. A inovação por trás da construção de um novo edifício foi a de criar um espaço que pudesse ter um efeito positivo e produtivo sobre a criatividade dos executivos, pesquisadores e funcionários da empresa.
Ao longo de todas as fases do projeto e da construção, houve uma preocupação contínua em investir no humano. Esta abordagem inovadora foi fortemente apoiada ao longo do projeto pela empresa e pelo desa
fio de conceber um edifício que agradasse a todos os envolvidos. O projeto é resultado de uma colaboração efetiva entre Jansen e a equipe de projeto. Tendo trabalhado com arquitetos por tanto anos, desenvolvendo e adaptando soluções, os clientes, que já admiravam arquitetura, estavam dispostos a aplicar sua experiência e conhecimento para encontrar soluções para a nova construção.
O novo edifício foi precedido por uma pequena urbanização do terreno, resultado de uma expansão necessária das estruturas industriais existentes as quais permitiram a criação de espaços na escala do homem em meio ao tecido existente. Isto levou a formação de uma série de espaços que evocam a atmosfera de praças públicas. Devido ao potencial do terreno para empreendimentos futuros, o projeto adotou o nome ‘CAMPUS – Campus für Innovation und Technik’ – relembrando um lugar de produção, compartilhamento, aprendizado e pesquisa.
O projeto começou há três anos com um conceito que se tornou uma realidade, assumindo importância regional, representativa de qualidade, design, habilidade, construção e economia suíços. Jansen está comprometido com a administração sustentável de sua produção e logística e de acordo com a ética da empresa e a excelência técnica neste campo. Dessa forma, o edifício aos padrões Minergie, com uso eficiente de energia e redução da poluição ambiental, garante a melhor qualidade de vida para os usuários do espaço e baixos custos de manutenção. O edifício, por exemplo, utiliza o lençol freático para aquecimento e resfriamento e faz uso de um sistema de recuperação de calor, atentando para a experiência da empresa em energia eficiente e produção de elementos fotovoltaicos.
O campus de Jansen – Uma ponte entre o DNA de um lugar e seu futuro
O terreno para a construção de um novo campus de Jansen localiza-se na extremidade norte do complexo industrial, rodeado por pequenas expansões residenciais do município. Este terreno em particular permite que a nova construção se insira como uma conexão ente duas diferentes escalas urbanas – uma vez agindo como a interface da área industrial enquanto também se reduz para a escala do município. Esta redução de escala foi alcançada pela fragmentação da massa do edifício em quatro partes.
Oberriet, como muitas outras paisagens construídas na Suíça, é caracterizada por uma multiplicidade de diferentes planos inclinados em diferentes direções que conseguem alcançar um equilíbrio espacial e visual notável. São as coberturas inclinadas e seu jogo de sombras e reflexões ao longo do dia que caracterizam o espaço construído deste lugar. Na verdade, de um ponto de perspectiva, as fachadas dos edifícios perdem sua importância, assumindo sua função de apoio destes grandes planos inclinados. A nova geometria do campus de Jansen foi criada por este complexo ‘jogo de planos,’
A paisagem interna é articulada como um espaço fluido, quase como se fosse formada por uma extensão das ruas urbanas do município, um sistema de cheios e vazios que se expandem em todas as direções. A massa aparente do novo edifício é desmaterializada internamente, inundada pela luz natural que passa por amplas aberturas e grandes projeções inclinadas que projetam os usuários para fora da paisagem.
O novo campus de Jansen também é caracterizado pela pesquisa realizada durante o projeto em materiais inovadores e soluções tecnológicas – algumas usadas para a primeira etapa da construção. Por exemplo, a fachada semi-estrutural, produzida por Jansen, é um novo sistema criado de forma a garantir a continuidade dos elementos de vidro transparentes sem a necessidade de mecanismos externos de apoio.
A fim de construir as coberturas inclinadas do edifício, um sistema de adição de fibras ao concreto moldado in loco foi desenvolvido. Por meio disto, garantiu-se que o cimento aderisse aos reforços metálicos. Um sistema inovador radiante (TABS), parcialmente produzido por Jansen, baseado em princípios de massa térmica, também foi integrado à estrutura; circuitos de aquecimento e resfriamento foram instalados diretamente à estrutura de concreto que formam os pisos e tetos, garantindo o condicionamento da qualidade de todos os espaços.
A fachada é revestida por uma malha escura pré-patinada de Rheinzink. Este acabamento particular dota o material de uma coloração que evoca a densidade de tons das construções em madeira do entorno. Usado pela primeira vez como revestimento externo, este material brilha com reflexões e sombras que mudam ao longo do dia. O design modular e a malha esticada desempenham um papel na escala do edifício e tornam-no interessante e agradável para os visitantes que se aproximam. O campus de Jansen, tanto interna como externamente, foi quase que totalmente construído com os recursos disponíveis em um raio de poucos quilômetros de seu local. Este fato evidencia a força empreendedora da região, o comprometimento com princípios sustentáveis e o foco de esforços para economias efetivas de energia.
Funções internas
A fim de permitir o fluxo fluido da vida cotidiana de trabalho, os espaços projetados para uso coletivo foram dispostos adjacentes aos elevadores e escadas principais enquanto os ambientes mais íntimos de trabalho foram localizados ao longo da circulação. As funções estruturais do edifício são assumidas pelas paredes perimetrais dos triângulos, possibilitando então a planta livre interna com um alto grau de flexibilidade e possibilidade para divisões futuras. Atualmente, os espaços estão organizados em uma grelha tridimensional que corresponde à estrutura funcional da empresa.
As funções públicas estão distribuídas a partir de uma área de recepção no piso térreo. As salas de reunião, os ambientes de almoço de negócios e um restaurante se direcionam para essa área. Além disso, no piso térreo, ao lado da recepção está um escritório conhecido como ‘Mission Control’ que representa o núcleo operacional da empresa e funciona quase que como um salão do mercado de ações onde todas as informações sobre as operações da empresa são processadas em tempo real. No primeiro pavimento há um local chamado de “Kreativbereich,” um espaço de trabalho e ambiente informal de reunião aberto para todos – muito apreciado pelos funcionários, uma sala de aprendizagem com foyer e outras salas de reunião.
A planta livre dos escritórios para a seção de comunicações está localizada no segundo pavimento e, no terceiro, está a diretoria com terraço panorâmico. Escritórios individuais e ambientes mais íntimos de trabalho estão distribuídos ao longo de um espiral, com áreas que aumentam conforme o espiral se eleva. O bloco triangular mais ao norte abriga as asas de operação da empresa por dois pavimentos, sendo que nos pavimentos superiores estão os escritórios dos diretores responsáveis por este setor. O triângulo sul acomoda os controles de qualidade e os executivos responsáveis no segundo pavimento.
No subsolo há uma área de 1000m² reservada para os arquivos, salas mecânicas e sistemas tecnológicos. Apesar de sua aparência sofisticada, a atmosfera da paisagem interna reflete os princípios da redução do detalhe ao mínimo. Os elementos construtivos estão sempre explícitos e seguem a racionalidade e a economia do local e do projeto, dando ao espaço uma ambiência técnica e industrial.
A conclusão de uma visão
Ao lado do edifício em si – a ‘arquitetura’ – um cuidado particular foi tomado em relação ao desenho da paisagem e à escolha do mobiliário e das obras de arte que completam os espaços. O paisagismo envolveu o plantio de 80 árvores de 35 espécies diferentes que existiram no vale Rhine pelo menos nos últimos 200 anos e, dessa forma, assumiu um papel didático, explicando a paisagem da região.
Contrário ao investimento em arte tradicional, voltando-se mais para uma obra criada no local e, assim, explicitamente conectada ao edifício, preferiu-se, dentro dos mesmos parâmetros econômicos, optar-se por um percurso mais ‘dinâmico.’ Como tal, as obras de arte selecionadas refletem a intenção de interagir com a complexidade de nosso mundo contemporâneo e contém peças feitas por jovens, pessoas internacionalmente reconhecidas e por artistas contemporâneos.
Assim como a atenção dada a cada detalhe na construção, a mesma precisão e cuidado foram tomados na escolha do mobiliário, da iluminação e dos elementos técnicos do edifício. Decidiu-se que os móveis seriam produtos de uma geração contemporânea de designers, resultado de uma pesquisa tecnológica particular, de materiais duráveis e resistentes, refletindo a filosofia de Jansen.