A passarela quer ser simplesmente o vinculo entre as duas margens do rio Segre. Entendida mais como um itinerário do que como um lugar de estar, sem nunca apagar a percepção de estar suspensa sobre o leito do rio. Tudo isso levou a um dimensionamento que comportasse o percurso dos pedestres e bicicletas, e que permitisse o trânsito eventual de veículos de serviço. Participa da mesma ideia, o esforço de cruzar todo o leito do rio com dois únicos pilares e sem nenhum outro elemento que altere a essência da ponte como um itinerário.
A chegada à cidade é muito diferente em cada uma das margens. Na direita, sobre a malha consolidada, o apoio da passarela pretende não alterar substancialmente o entorno, sendo a própria calçada que se levanta para absorver uma pequena diferença de cota, provocada pela preservação da seção hidráulica. Já na margem esquerda, o espaço vazio entre os Campos Elíseos e o novo muro do rio permite o desenvolvimento de uma maior embocadura da ponte, que se prolonga e se transforma na própria passarela.
É esta parte da ponte, alargada como um leque, a que se transforma no espaço de estar para a contemplação da vista sobre a cidade antiga e a Seu (a catedral). Ao mesmo tempo, oferece uma área sombreada sobre o parque fluvial. Ao contrário da margem direita, aqui pretende-se apagar os limites entre a passarela e a cidade. Os elementos urbanos –pavimentos, bancos, e pérgolas- prolongam-se em terra firme, acompanhados pela aparição das árvores do leito do rio através dos mesmos buracos que deixam passar luz na parte inferior da ponte.
A estrutura da passarela procura ser coerente com estas intenções. Tenta-se oferecer uma plataforma livre de obstáculos visuais, na qual os perfis da cidade e o próprio rio sejam os protagonistas.
Duas vigas-caixão solidarizadas por vigas transversais, também de aço, e uma laje colaborativa de concreto, permitem entender o painel como um conjunto estrutural em forma de Z, e ajudam a reduzir a espessura total, no objetivo de cruzar os 83 metros. A laje voa 1,15m sobre a viga inferior e reduz o efeito visual dos dois metros de espessura.
A seção em Z oferece duas fachadas diferentes e duas maneiras de relação com o entorno. Na parte sul, a laje apoia-se sobre a viga inferior e acaba arrematada por um guarda-corpo de vidro, apoiando as visões à catedral e à cidade. No outro lado, a viga superior atua como guarda-corpo opaco e constitui a fachada da ponte.
- Cliente: Prefeitura de Lleida
- Orçamento: 1.101.054 €