O M1 surge como a primeira fase de um programa de implantação de equipamentos para a criação de um parque temático vinculado ao mundo do motor e da educação no trânsito. O edifício surge então com a vocação de ser um modulo organizador no desenvolvimento de um sistema aberto de volumes neutros de equipamentos com capacidade para abrigar o programa.
A topografia do lugar, junto com as complexas geotécnicas do terreno, unido a um controle necessário do tempo de execução, no custo e nos painéis de manutenção e crescimento nos levou a posicionar-nos através de uma proposta simples.
O objetivo foi tentar combinar com sensibilidade um compromisso entre a própria obra de infraestrutura necessária (estrutura-pórtico de concreto) e sua capacidade para abrigar um programa flexível e multifuncional (obra em seco, pré-fabricada de fácil montagem-desmontagem). Assim, conforma-se uma primeira fase de obra com a construção de um container de concreto armado, concebido como um sólido vazio e organizado através de dois volumes assentados sobre poços de cimentação que nos permitiram alcançar as cotas adequadas.
O volume superior, de caráter público, é uma estrutura-pórtico de 27x8x4m aberta no sentido longitudinal norte-sul, sendo um grande marco ou janela-mirante do parque. O volume inferior é uma caixa-container semienterrada de 26.6x6x2.3m que funciona como pódio do volume superior. A obra completa-se com uma segunda fase da obra pré-fabricada de subestruturas modulares leves (com unidades de 3.75×3.2m), desmontáveis, fáceis e rápidas de executar que permitiu a adaptação do edifício a diferentes usos e possíveis variações do programa. Os usos específicos requeridos no M1 englobam no volume superior os banheiros públicos do parque, o bar-restaurante, uma possível zona disponível como eventual aula de educação no trânsito, as cozinhas, uma zona de serviços que se voltam a um pátio interior e um terraço-mirante aberto às pistas exteriores no lado sul. O volume inferior funciona como planta técnica, zona de armazenamento e garagem especifica de karts.
Essencialmente, o edifício é uma estrutura-pórtico aberta que funciona como uma grande recepção do parque e como terraço. No exterior são concebidas as fachadas e cancelas, como módulos transventilados realizados com painéis pré-fabricados de chapa minionda. Interiormente, três peças de painéis de u-glass armado atuam como divisórias transversais receptoras de luz que separam os ambientes principais. O espaço piso-teto é tensionado com o dialogo entre a superfície amarela, lisa e brilhante do pavimento industrial continuo (concebido como uma via) e a laje de concreto armado aparente, modulado com as formas de madeira seguindo as linhas estruturais. Um mural marca o fundo do bar, como um grande banner.
Dois módulos de portas retráteis permitem a conexão espacial fluída entre o bar e a plataforma de madeira do terraço-mirante. As instalações são adequadas igualmente às estruturas mínimas. O edifício é valorizado para um uso eventual de temporada (primavera ao outono), considerando-se simples sistemas de climatização passiva para assim se conseguir um conforto climático adequado: ventilação cruzada N-S, ventilação induzida através do pátio interior, fachadas longitudinais transventiladas, cobertura ecológica com captadores solares, controle da insolação, recolhimento e aproveitamento das águas de chuva para a irrigação do parque.
O proposito experimental desse projeto foi o de gerar um protótipo de volume multifuncional. Um edifício como processo aberto sustentável, que se combina ao tempo e à mínima obra de infraestrutura junto com sua máxima capacidade para reciclar-se no tempo.
- Cliente: Alerta Despierta s.l. / Prefeitura de Pezuela de las Torres
- Anos construção: 2009-2010
- Orcamento: 125.138 € (435 € /m2 )
- Materiais predominantes: volumes de concreto aparente, módulos pré-fabricados de chapa minionda, paneis transversais de u-glass duplo armado, piso industrial de resinas, tarima IPE exteriores.