É importante destacar um trabalho acadêmico quando ele tem repercussão urbana. Neste caso, destaca-se não só por ser uma intervenção em escala 1:1 fora do campus da universidade, mas por se atrever a inseri-lo em um eixo de forte caráter histórico e cívico para a cidade de Santiago, como é o eixo Bulnes.
A intervenção transitória foi montada com tempo e orçamentos limitados, com o objetivo de se aprender a intervir na cidade. Isso significa apoderar-se de uma problemática em particular e desenvolver uma visão do contexto urbano lidando com a complexidade desta escala, preocupando-se com as estruturas e coisas que vão além do trabalho de ateliê na faculdade.
Dos 4 trabalhos apresentados, este que será mostrado foi eleito o ganhador, por um júri que incluía Victor Gubbins (Prêmio Nacional de Arquitetura 2010), Humberto Eliash, Umberto Bonomo, Sebastián Gray e Carlos Castillo. O workshop foi conduzido pelo arquiteto convidado Anderson Freitas
Memorial do Grupo ganhador
A intervenção do eixo Bulnes foi encarada como a oportunidade de somar novos atributos a um espaço público, cívico e tradicional, que se constituiu como um corredor de pedestres pela sua conectividade entre a estação de metrô Moneda e o Parque Almagro. Eixo sobre o qual os habitantes perderam a capacidade de observação crítica sobre o espaço urbano.
As principais dificuldades da intervenção foram:
-A organização de uma equipe de trabalho com 100 estudantes, de todos os níveis.
-A participação dos 100 estudantes não só na execução do projeto, mas também na discussão dos objetivos do mesmo.
-A montagem executada em 1 hora.
-Um orçamento de $300.000.
A saída do projeto foi formulada a partir da utilização de balões como material principal. Após isso foi definida o arranjo de uma teia de balões de cor prata, que refletem o contexto de localização, construção, vegetação e passeios de pedestres, alternando-se de acordo com o movimento que o vento (encanado entre edifícios) produz sobre os balões.
Definiu-se uma malha de 80x80cm, onde são fixadas as bases/pesos que prendem os balões a 250cm do solo.A união entre o suporte e a bexiga é de fio de nylon transparente, para que a ligação desapareça e evidencie os elementos superiores (balões) e os inferiores (pesos).
O resultado final estabelece uma trama geométrica presa ao chão (pesos de areia enrolada em papel preto) e uma trama em movimento permanente que estabelece uma relação dinâmica entre ambas. Além disso, a montagem estabeleceu relações estreitas entre os pedestres e os reflexos, pela altura dos balões produzindo interesse no material e alteração na percepção do espaço público.
O conjunto da trama altera o caminho dos pedestres, definindo espaços de trânsito mais fluido e espaços de tráfego mais complexo entre a moldura definida no chão e o fio de nylon suportando os balões.