Como evento global de moda, a FNO convocou diversos artistas a participarem com suas obras em uma festa beneficente. Objetos de consumo, modificados pelos artistas, seriam leiloados, sem fins lucrativos, para apoiar diversas fundações. O objeto assinado pelo Estudio MMX foi, talvez, a ferramenta de consumo por excelência, e o lugar, o espaço mínimo da festa.
Como escritório de arquitetura, a ideia do Estudio MMX foi distanciar-se da ideia do projeto de objeto, e envolver-se com a alteração do espaço. A interpretação dos atributos e os limites do espaço e os fluxos, que natural e erradamente, são gerados na galeria, definiu o campo sobre o qual as funções e a matéria da “peça” começaram a surgir.
Estar dentro do volume, ao invés de defini-lo, é, talvez, um exercício profundo e pouco comum de arquitetura. A invasão programada do espaço filtraria e subdividiria o espaço para redirigir os fluxos e os olhares, distorcendo o acesso que hoje é exageradamente direto. Nesse caso, explorar, avaliar e interpretar os limites para redefini-los através das habituais operações do lugar, escala, fluxo. Caráter e corredores foram uma boa experiência na qual os atributos do objeto e do espaço diluem-se para se retroalimentarem.
A moda, em seus melhores momentos, remete à experiência, a irreverencia, aso limites transgredidos, as tendências, a tradição e a manufatura, e em muitos caos, o denominador comum são as telas, os tecidos, os padrões, e as texturas. Em uma leitura direta e simples destes elementos e virtudes, o escritório decidiu tomar o único recurso material- ilimitado cartões do patrocinador – como o componente básico de um sistema de conexão que, como os tecidos, devia ser simples, repetitivo, flexível, adaptável, e acima de tudo, possível de ser fabricado sem a necessidade de máquinas de controle numérico e supervisão qualificada.
Mais de dezesseis mil cartões, com atributos tridimensionais, resultado de processos mecânicos convencionais, foram organizados em uma lógica simples. O tecido resultante, suspenso no espaço, fundiu de forma efêmera a arte, moda e o consumo, com um gesto que discute espaço, função e matéria.