Trata-se de um lote com fachada em duas ruas, situada em um complexo de casas isoladas e muros mediadores de edifícios industriais com diferentes alturas e inclinações de cobertura, que conformam uma paisagem próxima desordenada e caótica. Dada à bagunça volumétrica do conjunto, surge uma peça abstrata e, portanto neutra, como mecanismo de projeto e adaptação ao ambiente, dotando esta situação de uma qualidade específica que combine elementos arquitetônicos de caráter diversos.
Busca-se a integração do edifício dentro da parcela urbana melhorando a espacialidade interior, dadas as condições do lote e sua incapacidade para gerar vistas do ambiente, criando um lugar de encontro, de relação e de troca cultural em seu mais amplo sentido.
Desde a Plaza Mayor do povo chegamos ao edifício através de um pátio exterior de acesso, um grande átrio aberto como um vestíbulo ou refúgio urbano. Do mais público ao mais privado, pretende-se uma sequência de espaços exteriores-interiores, abertos-fechado, cobertos-descobertos, cheios-vazios, público-privados.
Do pátio exterior coberto, aberto, vazio, público – perfuração horizontal do volume – até um pátio exterior descoberto, aberto, vazio, privado – perfuração vertical do volume -. Um trajeto ou passeio urbano que continua no interior do edifício com um grande átrio ou rua interna que enfatiza o caráter do edifício público favorecendo a transição entre as duas ruas.
Conceitualmente trata-se de um volume compacto, recortado e perfurado vertical e horizontalmente. Um volume espesso, que potencializa a direcionalidade, se perfura para enfatizar sua espessura e se recorta qualificando seu caráter abstrato.
A proposta pretende conseguir o máximo de aproveitamento da superfície edificável utilizando o extenso programa exigido – Assembleia Municipal, biblioteca infantil e de adultos, administração, sala de exposições, salas de aula, arquivo municipal – para criar um edifício que funcione como um condensador sociocultural para o povo. Um complexo destinado à cultura que aglutine um amplo e variado setor de público.
O tratamento desse envelope favorece a economia de energia, tentando fazer o melhor uso possível da temperatura exterior para o benefício de conforto interior. Ao desenvolver-se o edifício em profundidade reduz-se as perdas de calor, introduzindo a iluminação natural através de pátios internos, como os jardins elevados criados, que permitem habitar o exterior dentro do interior.
O pátio de acesso localizado na fachada principal tem uma cobertura exterior através da qual os ventos dominantes na direção Leste-Oeste transportam ar fresco ao pátio adjacente afundado, refrescando o ambiente mediante a geração de uma corrente de ar. Por sua vez, a fachada oeste do pátio dispõe de uma segunda pele ou grade separada da fachada de vidro, evitando a incidência solar direta e permitindo assim a renovação do ar.
A utilização do bloco de tijolo nas paredes exteriores proporciona uma maior inércia térmica geral, e o revestimento externo dos painéis de cimento- madeira gera uma câmara de ar ventilada através de um material de grande resistência e elevada durabilidade, que por sua vez cumpre com as mais estritas normas ambientais.
PRÊMIOS DA OBRA CONSTRUIDA
- Selecionado para exposição `De Arquitectos. Concursos´ no Museu de Arte Contemporâneo Patio Herreriano de Valladolid.
- Prêmio em VIII Premio de Arquitectura de Castilla y León. Categoria `Otros Edificios de Nueva Planta´.
- Finalista em Premios Enor 2011. Obra candidata ao Gran Premio Enor 2011.
- Obra Selecionada em Concurso Experiencia/Futuros. Premio `Mi Obra Favorita´ (Categoria Experiência). Consejo Superior de los Colegios de Arquitectos de España.
- Promotor: Ayuntamiento de Boecillo (Valladolid)
- Orçamento: 1.990.482,33 Euros
- Financiamento: Ayuntamiento de Boecillo / Diputación de Valladolid / Junta de Castilla y León