O edifício foi construído no século XIX e ampliado nos anos 1950. Este apartamento, situado na máxima altimetria de uma das sete colinas da cidade de Lisboa, com vistas panorâmicas a norte e a sul, faz parte desta ampliação, sem as características que qualificaram a construção inicial do carácter palaciano.
A intervenção começa por libertar a área social e estabelecer continuidades no percurso. Desenha-se a ligação com o sótão, que agora faz parte da habitação. Um volume cúbico contém a escada de acesso e configura também a separação entre a chegada e as salas que se propõem. Este constitui o ponto de centralidade no espaço. A área privada mantém os 5 quartos existentes.
A escala da casa foi redefinida pela introdução de duas alturas no pé direito. Desenham-se sancas que contêm iluminação indirecta, centralizam os dois espaços das salas e acentuam a dinâmica do percurso no corredor. A imagem é a da leveza de uma folha de papel contrariando o peso dos tectos da casa, além disso o tecto mais alto parece sempre revelar mais para lá do que é visível, pretende-se o céu…
Esta vontade de leveza está também no plano de parede que constrói a lareira. Pinta-se uma faixa de preto em negativo para criar suspensão, e transpõe-se o positivo em forma de um aparador preto com fundo branco para a parede oposta, que limita a outra sala. Assim como forma de estabelecer uma relação visual entre estes dois espaços, unificando-os.
Ao centro, o volume branco contem a escada de acesso ao sótão. Subimos entre paredes côr carmim até emergirmos à superfície com o sol a entrar pelos vários orifícios da cobertura. Este atelier de uma videasta é coberto por uma estrutura de asnas e tectos brancos. Como excepção, um volume carmim pelo exterior e branco no interior contém o lavabo.
O mobiliário foi desenhado ou escolhido à medida da arquitectura na sequência natural para o habitar. A salientar a cama do quarto principal construída em acrílico, um transparente absoluto, como uma nuvem, flutua…