Quando alguém passeia pelo bairro percebe a opacidade das residências construídas aqui. Elas são pedregosas, com uma sensação rochosa, construções difíceis, rígidas, opacas, fechadas para rua. Paredes duras, salpicadas de pequenas aberturas. Paredes quase intransitáveis. Desta leitura inicial, a primeira vontade do projeto se destaca: sustentar a opacidade desse novo edifício em direção à rua.
As vistas maravilhosas que o terreno possui na direção oeste também foi outro ponto inicial para esse projeto. Locais e pontos de vista que não são para ser desperdiçados. O local como uma torre, de onde a vista pode ser aumentada muito além do horizonte. Assim, a estratégia é servida: a casa não quer olhar para a rua, quer olhar para a paisagem.
O edifício caracteriza-se como uma moldura, como uma concha, e é descrito por uma caixa de concreto, com um lado totalmente aberto, com peças verticais de arenito que a protegem contra o sol. Em direção à rua as aberturas serão escassas, em direção às vistas não haverá obstáculos. Portanto é retratada como um volume simples, opaco, forte e geometricamente claro.
Em contraste com a simplicidade exterior, o interior se torna complexo, revelador, luminoso, aberto e claro. A estrutura, como acontece nos palácios residenciais em Mallorca – cópias dos antigos palácios dos comerciantes florentinos- é dominado por um pátio central, de projeção quadrada. Este pátio é aberto para o céu e para os pontos de vista externos. A casa gira em torno deste e sobre ela. Ele é esculpido no volume cego que descrevemos no início. É um pátio salpicado de luz. Encontramos jardins suspensos.
Um grande pórtico acompanha a nossa chegada. O interior é esculpido. As entradas de luz natural são determinadas. As diferentes visões se multiplicam. O espaço expande até que os nove metros sejam a altura total. Entradas inesperadas de luz. Percepções cortadas do pátio. Visões em diagonais. O espaço dá para todo o edifício um caráter fantástico – de fantasia – imaginário, algo inesperado, que chega como uma surpresa.
