C – 28 c é o projeto da sede do estúdio Archohm na Índia. Muitas vezes rotulado por seu desenho marcante, o projeto do estúdio reflete a filosofia de design “louca e divertida” dos “archomites”. O terreno é localizado em uma área suburbana extremamente densa dentro das imediações de NCR, com uma área construída de mais de 4.000m². Em meio às condições urbanas da cidade, o terreno de formato triangular é flanqueado pelo “mosque Jama” de um lado, edifícios industriais de outro lado e, finalmente, por uma ocupação irregular.
Atingindo a altura de 10 metros, a porta de entrada de aço corten cria uma primeira impressão intimidante. Sua natureza envolvente e seu acesso através de uma rampa proporcionam ao edifício seu caráter, simbolizando a continuidade da rua externa em uma espécie de praça que é um átrio para os visitantes. Um fosso aumenta o diálogo com a passarela giratória que conecta o estúdio principal ao jardim da frente. As paredes limítrofes são revestidas por arenito vermelho com entalhes que retratam as áreas de foco do estúdio.
O edifício principal é dividido em cinco componentes, cada um deles definidos pelo uso de materiais distintos: concreto, vidro, tijolo, pedra e aço. Cada componente foi projetado cuidadosamente seguindo as demandas climáticas, contextuais e funcionais.
O estúdio principal volta-se para a face norte, envolvido por uma estrutura modulada de vidro. Esta fachada introduz ao edifício luz natural difusa, criando ambientes de trabalho agradáveis. Para determinar uma identidade em meio aos diversos setores do estúdio, cada departamento é marcado por uma cor particular na elevação e no corte do edifício. Seguindo esta lógica, o departamento de arquitetura é marrom, de interiores é laranja, de elétrica é amarelo, de hidráulica é azul e o setor financeiro é vermelho.
A fachada externa é transparente e abriga os arquivos, documentos, modelos físicos e amostras de materiais de cada departamento, criando uma colagem visual de materiais e cores exposta para o exterior, exibindo o caráter do estúdio. Grandes recortes circulares conectam os pisos verticalmente. Escalonadas e com claraboias individuais, estas aberturas criam ligações visuais por entre os três níveis.
Localizada próxima à entrada, uma “rotunda” circular de tijolo acomoda todos os serviços, dominando o vazio central do edifício. Seu posicionamento garante uma divisão eficiente do tráfego, permitindo que os visitantes acessem diretamente as salas de reunião. A cada meio piso, lavabos são inseridos juntamente com bancos de madeira projetados como pequenos nichos de espera. Este núcleo de serviço abriga a subestação elétrica em sua base e as instalações hidráulicas no seu topo. Todos os serviços são concentrados dentro deste bloco e todos os tubos são deixados expostos devido à facilidade de manutenção e economia.
A cobertura desta rotunda configura um anfiteatro perfeitamente circular que pode acomodar mais de cem pessoas. Revestido por mosaico chinês, a cobertura ajuda a refletir o excesso de calor e proporciona ainda um espaço a mais para encontros formais e informais do estúdio.
A fachada sul é obstruída por uma parede de pedra de três metros de altura. Esta superfície possui diversos nichos que abrigam salas de reunião transparentes, criando um diálogo interno visual. Vistas a partir do átrio de entrada e do estúdio principal, estas salas agregam transparência à disposição do edifício. Ao todo, são quatro salas de reunião, cada uma delas com sua própria cor, estilo e textura.
A cobertura metálica do átrio está acima dos três níveis do edifício, estendendo-se no formato de uma caixa metálica que acomoda uma quadra de badminton atrás da parede de pedra. Esta conformação permite ainda que o espaço possa ser utilizado para exposição ou ambiente de leitura quando necessário.
Por fim, o triângulo de concreto é formado pelo limite do terreno. O subsolo abriga todos os ambientes para os convidados e, ainda, um teatro ao ar livre. No primeiro pavimento, há uma sala laranja no centro com uma mesa triangular de concreto. Considerada como um dos destaques de Archohm, esta mesa foi rejeitada pelos engenheiros estruturais devido ao seu apoio central e seu desenho em grande balanço. No entanto, fiel ao espírito do estúdio, o projeto foi bem detalhado e finalmente implementado, deixando muitos, então, surpresos.
No terraço, o triângulo de concreto converge-se em uma claraboia e uma piscina. Para além da piscina, há um jardim aberto voltado para a cafeteria. Um grande volume triangular de pé-direito duplo com claraboia é um dos espaços mais espetaculares do projeto. As paredes de concreto, a cobertura de vidro e o piso de terracota caracterizam este ambiente. O espaço é pontuado por objetos de arte e design e peças de mobiliário. Isto reúne toda a filosofia do Archohm no domínio pessoal do criador do estúdio.
Todo o espaço de trabalho é concebido como um ambiente ativo e vibrante, intercalado por mediações distintas, por ideias que demonstram e inspiram a criatividade em meio aos “archohmites”. O estúdio a3 foi concebido como uma grande biblioteca de materiais, cores e texturas. Isso não só ajuda o cliente a visualizar os projetos, mas também servem de fonte de inspiração para os projetistas.
Através de pequenas iniciativas, expressões criativas e um pouco de ousadia que o estúdio Archohm fez de seu escritório um ideal que representa todo o seu trabalho ao longo de sua existência. No centro do átrio de entrada está uma escultura de metal, chamada de “a mão”. Elaborada a partir de materiais residuais do terreno, esta peça abstrata de arte se transforma radicalmente quando exposta a luz. Quando vista sua sombra, pode-se perceber claramente a “mão” de Le Corbusier. Esta escultura traduz a essência do estúdio.
Informação Complementar:
- Engenharia elétrica: Amit Das
- Fotografias: Humayun Khan, Andre Fanthome