A obra foi encomendada por uma família grande, que vive em diferentes lugares durante o ano, que retorna à Jose Ignacio para as festas de final de ano. A residência deveria funcionar quase como uma pousada, onde a privacidade fosse privilegiada para os distintos grupos que a ocupassem, e impessoal, já que haveria grande rotação, inclusive com possibilidade de aluguel. O projeto surgiu a partir da ideia de intimidade e a busca de espaços demarcados para o descanso, a meditação e o encontro.
No pavimento superior, os espaços comuns e o dormitório principal podem funcionar como uma unidade autossuficiente durante o ano, quando é ocupada somente por um casal. No térreo, um grupo de suítes fica a disposição para as demandas de usos, podendo exercer funções distintas, com amplos espaços de armazenamento.
Hoje, a casa é parte da identidade da cidade de José Ignacio, caracterizada por um conjunto de arquiteturas dispersas, cercadas de vazio e abertas à paisagem, como característico na região. As vistas da casa são completamente abertas no pavimento superior, desde a sala de jantar e cozinha, com o intuito de produzir a sensação de luz vinda de todos os lados, enquadrando o entorno e evidenciando a paisagem e as mudanças da luz durante as horas.
O clima da cidade e suas características marcantes (chuva intensa, umidade, calor, ventos) foram levados em conta, orientando os usos e proteções, sem perder o calor dos materiais e as formas arquitetônicas. Os materiais utilizados tem a ver com uma simplicidade buscada e as possibilidades que a mão de obra local poderia oferecer.
Para atingir uma máxima economia e um bom controle do processo construtivo, buscou-se diminuir a área construída, de modo que a forma consegue criar uma usabilidade densa, com futura expansão através da integração dos espaços semicobertos. A forma escultórica deveria liberar o máximo de possibilidades futuras, sem rompê-la.