Há muito tempo, em um belo povoado português, vimos uma casa em cuja soleira da porta lia-se “meu sonho”.
Tem algo mais inspirador que o objetivo de realizar um sonho.
Este projeto busca cumprir com o desejo compartilhado por três irmãs. Um lar integrado à paisagem e à tradição da zona, que respeitasse o meio ambiente, e cheio de espaços onde desfrutá-lo.
Este refúgio, então, é organizado como três unidades independentes, três irmãs e suas famílias, três habitações com belas vistas e boa orientação, mas também com certa intimidade entre elas. Três residências juntas, mas não misturadas, a não ser por alguns espaços em comum, um campo, um pátio comum, um lugar onde cabem todos os primos, um lugar onde cabem todos os amigos.
Como objetivo arquitetônico, a habitação funde-se à paisagem circundante, um vale de vinhas e oliveiras, deixando claro sua geometria confusa e sua materialidade. Uma arquitetura desinibida que permanece a espera de transforma-se conforme a passagem do tempo, já que o sol irá tornar suas fachadas acinzentadas, e sinais de uma vida alegre começarão a aparecer. A construção é simples, com materiais e técnicas regionais, com um revestimento abrangente e característico de pinheiro tratado, com certificado PEC, o que garante que a matéria-prima utilizada vem de uma exploração florestal ecológica, econômica e socialmente responsável.
Neste sentido, também são empregadas estratégias que adaptam a habitação ao entorno climático no qual está situada, propiciando conforto e eficácia energética. Projeta-se a dimensão das aberturas em função da orientados das mesmas. Além disso, usam-se vidros de baixa emissividade e fechamentos exteriores que evitam, de forma eficiente, as perdas de calor no inverno e a entrada da radiação solar.
Neste sentido, e uma vez analisado o micro-clima do lugar, com invernos frios e verões quentes (ainda que pela noite a temperatura caia), opta-se por introduzir e maximizar a climatização fundamentada na biomassa, apostando-se na formação de uma geometria compacta, com matérias de alta inércia térmica para o interior, pisos de concreto e paredes de termo-argila, ao que se soma a colocação de um isolante continuo que evita pontes térmicas. Também foi utilizado um sistema de recolhimento da água pluvial para seu aproveitamento na irrigação da plantação.
Com a utilização da energia solar maximiza-se a economia energética, já que Murcia é uma das regiões com mais horas de radiação solar da Europa. As coberturas inclinadas ao sul servem de plataforma para integrar as placas no edifício. Esta arquitetura procurou reunir o saber ancestral e contemporanizar as soluções, oferecendo altas doses de coerência ética e estética, para oferecer a Irena, Minuca e Maria Ángeles um lugar onde desfrutar a vida.
- Orçamento: 355,000.00 €