A necessidade de cobrir o anel viário em Porte de Lilas responde ao desejo expressado pelas pessoas de finalmente poder apreciar uma qualidade de vida adequada e um ambiente urbano apropriado. Basicamente, a população queria uma área onde fosse possível caminhar, ter um jardim, brincar, entrar em contato com a natureza e com a tranquilidade.
A cidade de Paris estava disposta a reconstruir uma ligação (ou relação) urbana com as cidades vizinhas de Lilas e Pré Saint Gervais, instalar um terminal de ônibus e acolher um circo permanente. O projeto foi pensado para conectar os dois lados do anel viário e focar no uso dos pedestres e ciclistas, sem, no entanto, remover o tráfego de veículos do anel periférico.
A cidade de paris delegou à SEMAVIP (companhia pública e privada) a missão de desenvolver a área de Porte de Lilas. Uma equipe de planejadores urbanos e paisagistas identificou, em colaboração com associações locais, um programa que se adequaria a esta área. Foram definidas a posição e o tamanho do jardim, a localização do terminal de ônibus e a localização do circo.
Eles também definiram os princípios das rotas de pedestres. Um concurso entre diversos arquitetos paisagistas foi lançado em 2004. TERRITOIRES venceu a competição em 2005.
O projeto afirma que a natureza vive dentro da cidade, e que isso é, de fato, viável para o desenvolvimento em diversas escalas. O cume do anel viário e os telhados dos edifícios do entorno se transformam em fornecedores de água da chuva para o jardim, enchendo o lago central.
O manejo do jardim permitirá que plantas trazidas pelo vento do anel viário expandam e modifiquem a composição do próprio jardim. Um caminho largo e suave, chamado la ficelle (a seqüência), conectará os dois lados seguindo uma rota simples e fluida. Finalmente, um belvedere (mirante) para a geografia de Paris e para o tráfego no anel viário será construído. Não queremos esconder. Queremos reconciliar.
O projeto organiza o jardim em torno de um grande espaço central, que corresponde ao layout do complexo. A vegetação se concentra em ambos os lado. O espaço central é dedicado ao gramado e o prado é deixado livre. Os jardins estão localizados ao longo do eixo que conecta o bulevar ao belvedere. O lago ao centro é dedicado à água da chuva, e conta com o auxílio de um grande reservatório subterrâneo.
Graças ao lago, o jardim pode crescer e desenvolver um ambiente rico e vivo. Em cada lado, abaixo das árvores, se localizam as outras funções do jardim (jogos para as crianças, salas de leitura, casa dos jerdineiros…) Todas essas funções são conectadas pela “Ficelle”, que desenha muitos laço entre Paris e Les Lilas. A natureza no jardim não é decorativa. Ela corresponde à situação. O projeto implementa as condições para seu desenvolvimento, tão variado quanto possível. Cada parte do jardim é uma nova opção para se arrastar uma planta, mesmo nas paredes ao longo da “Ficelle”.
O jardim é ainda recente. Agora as pessoas estão descobrindo com prazer a oportunidade de encontrar um lugar tranqüilo perto de casa. Os jardins, por si só, já são uma grande experiência. É uma revolução real no estilo de vida e nos espaços das populações do entorno. Todos os dias elas passam pelo jardim para atravessar o anel viário, mesmo se isso alonga seus percursos. As pessoas arriscam todo tipo de atividades, do amanhecer ao anoitecer.
À noite o jardim é fechado. Há apenas uma luz muito suave. Pedimos para reduzir a quantidade de luz mais do que o usual em Paris, e eu solicitei que permitissem ao jardim, e às pessoas, permanecerem sobre o “périph”*.
*Périph: abreviação para Boulevard Périphérique, o anel viário que circula paris e que passa, também, por baixo do jardim.